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O presidente do PSD desafiou esta terça-feira o primeiro-ministro a explicar se sabia ou não do envolvimento de associações pró-regime russo no acolhimento a refugiados ucranianos, sem excluir um inquérito parlamentar futuro sobre o tema, que "agora não se justifica".
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Em declarações aos jornalistas no final da reunião da Comissão Política Nacional (CPN) do PSD, Rui Rio classificou como "uma vergonha para o país que ucranianos que estão a fugir da Rússia cheguem a Portugal e sejam interrogados por pessoas ligadas ao regime" de Moscovo, considerando que tal representa "um grosseiro falhanço do Estado".
"Nós temos uns serviços de informações que estavam a acompanhar a associação em causa [Edinstvo], esse serviço de informações informou o Governo ou não informou o Governo? Se não, obviamente incumpriu funções e tinha de haver demissões", afirmou.
Ouça a reportagem de Filipe Santa-Bárbara.
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No entanto, Rui Rio considerou que "tudo leva a crer" que o primeiro-ministro foi informado e "ou nada fez" ou "não valorizou as informações".
"Neste momento, o mais relevante é que venha a público - tanto faz que seja no parlamento, em São Bento, onde entender - que venha a público dizer se sabia ou não sabia e se sabia porque não agiu", afirmou.
Questionado se se justifica uma comissão parlamentar de inquérito (CPI) ao caso, hoje proposta pelo Chega (que sozinho não a conseguirá concretizar), Rio não excluiu essa hipótese, mas noutro momento.
"A CPI é algo que se pode colocar ou não lá mais para a frente, neste momento não se justifica, justifica-se ir por uma via mais rápida, mais simples", disse.

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Rio admitiu que, caso não sejam dadas explicações públicas por António Costa, o PSD poderá apresentar um requerimento para que o primeiro-ministro compareça a uma sessão plenária específica, afastando a ideia de que o chefe do Governo possa responder numa comissão parlamentar, como pretende a Iniciativa Liberal.
Questionado se, com a suspensão dos plenários durante o Orçamento, essa sessão não ficaria apenas para junho, Rio considerou que "se politicamente houver essa urgência tudo se faz".
"Vamos acreditar que primeiro-ministro vem a público em breve esclarecer direitinho o que se passou: sabia ou não sabia e fez isto assim e assim", resumiu.