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Numa altura em que a região de Lisboa e Vale do Tejo concentra a maioria dos casos de infeção pelo novo coronavírus em Portugal, o autarca da capital, Fernando Medina, desvalorizou o pedido de Salvador Malheiro, presidente da Câmara de Ovar, para que seja imposta uma cerca sanitária na cidade.
"Salvador Malheiro estava com saudades de ir à televisão porque ele não faz ideia do que é Lisboa, que basta uma freguesia de Sintra para ser maior do que Ovar. As pessoas circulam livremente no país, sem fronteiras. Em Portugal, a circulação é totalmente livre. É normal que existam pessoas infetadas que vão em lazer para outros sítios, de fim de semana", explicou Fernando Medina, em entrevista à TVI.
Apesar de descartar a hipótese de uma cerca sanitária, o autarca reconheceu que não houve um controlo do conjunto de surtos associados a empresas que se registou há umas semanas e, por isso, o número de casos aumentou significativamente.

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"Durante estas semanas, a estratégia que houve foi de desenvolver um conjunto massivo de testes. Era suposto que, passado este período, o número de novos casos tivesse diminuído e isso não aconteceu. Não houve um declínio de novos casos porque não houve um controlo dessas cadeias", afirmou o presidente da Câmara de Lisboa.
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Para o autarca, os jovens também são responsáveis pelos números atuais da pandemia. Vivem com o sentimento de que a doença "já não os afeta" e está totalmente afastada.
"Esta fase da pandemia é a mais difícil de ser gerida, a mensagem aqui é muito mais difícil porque por um lado tem de se dizer que é preciso abrir a economia, mas quando se desconfina tudo isto é muito mais ambíguo", reconheceu Fernando Medina.

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Sobre a escolha de Lisboa para a realização da final da Liga dos Campeões, o autarca garantiu que não pediu o evento na cidade, mas apoia-o.
"Valorizo o facto de haver uma transmissão da imagem de Portugal e de Lisboa para o futuro. A minha expectativa é que não haja estádios cheios nem adeptos por Lisboa. A minha expectativa é que estejam cá as equipas, os técnicos, o staff", revelou o presidente da Câmara de Lisboa.
O autarca defende também a criação de um quadro sancionatório, tanto para quem organiza como para quem participa em festas com um determinado número de pessoas, e referiu uma série de medidas que podem vir a ser aplicadas em Lisboa.

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"Se mantivesse o limite de dez para o conjunto de aglomerações permitidas e não se estendesse aos 20, a proibição do consumo de álcool no espaço público e o fecho de todos os estabelecimentos às 20h00", acrescentou Medina.
Em reação a esta entrevista, o presidente da Câmara de Ovar escreveu na sua página de Facebook que ouviu as declarações "com muita atenção" e considera que Fernando Medina foi "extremamente deselegante".
"A sua falta de educação. Não deixa de ser curiosa, a sua opinião a meu respeito. Nomeadamente porque passa a vida a comentar, nas televisões, sobre assuntos que não domina. Não tem, aliás, qualquer pudor em se colocar em pose, atrás das câmaras, aquando da chegada de um qualquer avião carregado de EPIs", pode ler-se no Facebook de Salvador Malheiro.

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