São mulheres e as mais novas eurodeputadas portuguesas. O que querem para a Europa?

As eurodeputadas Lídia Pereira e Sara Cerdas foram eleitas para o Parlamento Europeu e chegam com o 'estatuto' de jovens. Nos primeiros dias, contam-nos quem são, como está a ser a experiência e apontam para o futuro.

Lídia Pereira e Sara Cerdas são novatas nos corredores do Parlamento Europeu. Em Estrasburgo, abriram-nos as portas a um mundo novo para quem acaba de chegar. A bagagem vem cheia de sonhos e ambições, de sangue novo que quer ter uma palavra a dizer na Europa.

O que têm Lídia e Sara em comum? Apesar de uma ser social-democrata e a outra socialista, as novas eurodeputadas portuguesas são as mais novas da comitiva lusa. Aos 27 e 30 anos, respetivamente, vêm trazer juventude no feminino ao Parlamento Europeu.

Na "Europa dos crescidos", há o peso das responsabilidades, mas também ambições desmedidas e oportunidades para passar da opinião à decisão. Os jovens e a igualdade são temas que trazem às costas, inevitavelmente, porém o ambiente é também uma das bandeiras que "carregam" juntas.

Lídia, a portista ferrenha que está na Europa

Em Portugal ou em Bruxelas, há algo que não vai desaparecer da vida da eurodeputada: o amor pelo Futebol Clube do Porto. Considera-se uma "fã acérrima de futebol" e não falha um jogo do clube do coração.

Lídia é "cozinheira nas horas vagas" e as viagens fazem parte da vida, é ela própria que o admite à TSF, numa conversa depois de tomar posse como eurodeputada, em Estrasburgo. Da experiência de vida que tem, retira uma maneira de gerir o dia a dia: não tem medo de arriscar.

A jovem vem do ramo da economia e é presidente da Juventude do Partido Popular Europeu, o que terá aberto espaço para ser a eleita de Rui Rio como número dois nas eleições Europeias.

A oportunidade de chegar ao Parlamento Europeu é, acima de tudo, a possibilidade de "poder construir o nosso futuro dentro da sala dos crescidos". "Chegar aqui é uma oportunidade também para conseguirmos finalmente pôr em prática aquilo que tanto aclamamos, [a ideia] de que os jovens são só jovens, mas na Europa dos crescidos os jovens, aqui no Parlamento, vão ter opinião e peso", garante.

Entre as prioridades para os próximos cinco anos, Lídia não esquece a "combinação feliz" que representa: jovens e mulheres. A eurodeputada quer ser o "exemplo de que as mulheres também chegam a estes lugares e têm as mesmas oportunidades que os homens" e considera que a questão da igualdade é um tema "fundamental" para estes anos.

E na hora de escolher mais bandeiras, Lídia não hesita: "A economia, o emprego, a reforma da zona euro e o ambiente". Quanto ao último tema, a líder do YEPP quer mostrar que "é possível falar-se de ambiente como uma oportunidade e não como uma fatalidade".

Quando olha para a Europa, para a União Europeia e para a abstenção, Lídia não tem problemas em apontar o dedo: "As formas de fazer política estão desatualizadas, envelhecidas". Para combater essa realidade, a jovem alerta para que se "experimentem novas formas de comunicação", para que os programas políticos sejam atualizados e que se mude a maneira de comunicar a mensagem.

E se a abstenção é um problema entre os jovens, Lídia atribui-o não só à falta de literacia, mas também à necessidade de mostrar diariamente os benefícios de quem vive na União Europeia.

"Os jovens não sentem necessidade de dizer "sim" à Europa. A ida às urnas é uma forma de dizer "sim""

Sara, a nadadora que chegou ao alto mar

Sara Cerdas é médica, madeirense e chega ao Parlamento Europeu com 30 anos e muita vontade de agarrar a oportunidade como fazia dentro da piscina, nos tempos em que era nadadora de alta competição. De sorriso fácil e expressivo, Sara assume-se como uma "ativista", uma forma de estar na vida que traz desde os tempos da faculdade, em que esteve ligada ao associativismo estudantil e profissional.

Sente um "grande peso" em termos de responsabilidade, nomeadamente por representar as mulheres e os jovens e considera estas duas questões "marcos importantes nesta legislatura".

A proximidade é a palavra de ordem. Repete-a à exaustão para deixar claro que essa é uma das formas com que quer marcar a diferença. Apesar de estar longe do país, Sara quer continuar uma aposta que, na sua opinião, resultou durante a campanha.

A socialista preocupa-se com o facto de as pessoas não percebem que "grande parte da legislação nacional é influenciada pelas políticas europeias, cerca de 60%". "Temos de perceber que muito do que é definido na Europa influencia o nosso dia a dia, a qualidade do ar que respiramos, que o nosso dia a dia, a qualidade do ar que respiramos, o irmos viajar dentro dos Estados-membros, não pagarmos mais pelo roaming, termos as fronteiras abertas", justifica, lembrando que os jovens dão estes "dados como adquiridos" porque já nasceram com esses benefícios.

Na altura de se sentar à mesa do Parlamento Europeu, Sara conta que há uma "mistura muito importante entre juventude, experiência e de conhecimento das diferentes gerações", mas admite que a política envelhecida por de "um dos fatores" para o afastamento dos jovens.

Entre as bandeiras de Sara Cerdas está a questão da crise climática, um dos "grandes assuntos" a desenvolver nesta legislatura para fazer com que "A UE seja líder global no combate às alterações climáticas".

A jornalista viajou a convite do Parlamento Europeu.

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