Seguro acusa Governo de propaganda

O secretário-geral do PS acusou o Governo de fazer propaganda «de alto nível» quando a economia portuguesa está em derrapagem. Na resposta, o PM pediu realismo aos socialistas.

Na quinta-feira, «a propaganda do Governo esteve ao seu mais alto nível, querendo convencer os portugueses que o país está a fazer a consolidação das contas públicas e que chegou a altura do investimento», declarou António José Seguro no início do seu debate com Pedro Passos Coelho, numa alusão às afirmações do ministro de Estado e das Finanças, Vítor Gaspar, durante uma conferência de imprensa para a apresentação de medidas de estímulo à economia.

Porém, de acordo com o secretário-geral do PS, consolidação das contas públicas «é coisa» que o executivo de coligação PSD/CDS «não tem feito».

«Aquilo que os senhores têm feito não é cuidar da economia, porque os senhores mataram a economia portuguesa e nestes dois anos destruíram cerca de 458 mil postos de trabalho», disse, antes de apontar que a dívida pública aumentou para 127,3 por cento do Produto Interno Bruto - «um aumento de 42 milhões de euros em cada dia».

Ainda de acordo com António José Seguro, o défice está em clara derrapagem, um aumento entre março deste ano e abril na ordem dos mil milhões de euros.

«O Governo acabou com o investimento público, retirou confiança aos investidores privados, enfraqueceu o mercado interno. Com uma só medida, por positiva que ela seja [o crédito fiscal extraordinário], os senhores não enganam os portugueses, porque na mesma altura que fazem isto conhecemos os dados da execução orçamental e, pior, tencionam prosseguir com um corte de quatro mil milhões de euros», advogou o líder socialista.

Na resposta, o primeiro-ministro confrontou António José Seguro com um artigo conjunto de dois socialistas, o ex-presidente da Comissão Europeia Jacques Delors e o ex-chanceler germânico Gerard Schroeder, no qual se defende que é possível compatibilizar consolidação orçamental com crescimento.

Depois, Pedro Passos Coelho contrapôs que, pelos valores acordados no âmbito da sétima avaliação da 'troika' (Banco Central Europeu, Fundo Monetário Internacional e Comissão Europeia), o défice está «abaixo dos limites definidos».

«Estamos a cumprir os objetivos para o défice - e isso deveria ser enaltecido e não criticado», referiu, antes de sustentar que o défice estrutural baixou em seis pontos percentuais até agora e que baixará sete pontos percentuais até ao final do ano.

Quanto ao rácio da dívida pública, Pedro Passos Coelho negou qualquer descontrolo, advogando que está antes «exatamente nos termos que estavam previstos».

«Na medida em que Portugal obteve dos financiadores internacionais empréstimos que não podem deixar de ser registados e que têm de ser pagos, isso fez elevar o nível de rácio de dívida pública nos termos contratados. Há também um aumento que resulta do facto de o défice nominal em Portugal estar num nível mais elevado do que o estimado há dois anos. Ou seja, as políticas que o PS sugeria que o Governo seguisse, que era o de fazer ainda menos consolidação orçamental, teriam seguramente um impacto ainda mais negativo sobre o rácio da dívida», respondeu.

Pedro Passos Coelho pediu depois realismo ao PS, a propósito das críticas socialistas sobre a existência de falta de mercado interno.

«Se o mundo fosse essa simplicidade, nós teríamos muita facilidade em governar, vivendo todos na paz dos deuses. Mas essa visão, que não quero classificar, não é realista», acrescentou.

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