- Comentar
O Bloco de Esquerda (BE) acusa a ministra da Saúde de brincar com o Serviço Nacional de Saúde e de ter anunciado respostas que podem até piorar a situação atual nos hospitais. Para Catarina Martins, a solução para o problema da falta de médicos nas urgências tem de passar por incentivos de 40% nas remunerações dos médicos do serviço público e por dar autonomia aos hospitais para fazerem contratações.
"O que a ministra anunciou ontem é ou nada ou pior ainda do que está, porque das duas uma: ou a ministra está a dizer que vai contratar com uns incentivos temporários e, portanto, sabemos que essas vagas vão ficar tão vazias como ficaram as vagas anteriores, ou o que a ministra está a dizer é que os hospitais vão contratar ainda mais tarefeiros, em vez de fixarem os seus profissionais", disse Catarina Martins, numa conferência de imprensa, esta terça-feira, em Lisboa.
A coordenadora do Bloco de Esquerda considera ainda que a ministra não foi clara, quanto ao plano de contingência que vai ser aplicado nos hospitais.
"Nós não percebemos qual é o plano de contingência anunciado até setembro. Diz-se que vai haver uma reorganização das urgências, mas não se diz como. Diz-se que é preciso contratar todos os profissionais que estejam disponíveis para o Serviço Nacional de Saúde, mas não se diz como", critica.
Ouça a reportagem TSF na conferência de imprensa de Catarina Martins
Subscrever newsletter
Subscreva a nossa newsletter e tenha as notícias no seu e-mail todos os dias
Catarina Martins revela, por isso, aquelas que considera serem as medidas "com maior alcance imediato para garantir profissionais" ao Serviço Nacional de Saúde: "a autonomia de contratação dos hospitais para os lugares do quadro que estão por preencher" e "oferecer a quem já está no SNS e a quem queira regressar a possibilidade de dedicação exclusiva ao serviço público com incentivo remuneratório de 40%".
Propostas que, sublinha a líder do BE, "estão respaldadas na lei de bases da saúde, foram recusadas pelo Governo quando o Bloco as fez na negociação dos últimos orçamentos e que, mesmo agora, o Governo continua a recusar".
Catarina Martins lembra que o SNS tem estado a perder médicos a um ritmo alucinante - "só entre fevereiro e maio, o SNS perdeu 364 médicos especialistas e 1109 profissionais de saúde em geral" - e acusa o Governo de apenas "anunciar concursos que ficam sistematicamente com vagas por preencher".
Na ótica do Bloco de Esquerda, este é "o momento de encarar o problema do SNS", que "não é de hoje", nem "dos últimos quatro dias", mas de há vários anos.