Sucesso de Portugal e Irlanda evita ambiente "muito mais negro" na Europa

As palavras são do primeiro-ministro. Pedro Passos Coelho acredita que sem "os casos bem-sucedidos" de Portugal e Irlanda a discussão na Europa seria feita num "ambiente muito mais negro".

"Não tenho dúvidas de que sem os exemplos português e irlandês [no cumprimento dos programas de assistência externa] estaríamos agora a ter uma discussão completamente diferente, num ambiente muito mais negro para toda a Europa e com escolhas muitíssimo mais penosas para os países do Sul", afirmou Passos Coelho.

Numa intervenção nas Conferências do Estoril, em que reiterou a defesa de um Fundo Monetário Europeu, o chefe de Governo referiu-se aos "casos bem-sucedidos de conclusão de programas de assistência externa" que foram "Portugal e a Irlanda".

Na presença do antigo primeiro-ministro grego Geórgios Papandréu, que também interveio hoje nas Conferências do Estoril, Passos Coelho disse esperar que a Grécia "possa ultrapassar as dificuldades".

Passos Coelho defendeu que "a recuperação da crise" tem de "constituir, não a continuação da divergência das condições de vida entre os povos europeus, mas antes a retoma da convergência".

"Isto vale para a zona euro, como para os países que ainda aguardam a adesão à União Monetária. Essa é a condição económica, política e social de salvaguarda do euro no futuro. É a condição para impedir a fragmentação política na Europa e a desilusão com o projeto que nos uniu", sustentou.

"Se não produzirmos esse resultado, faremos crescer a dúvida em todos os que se perguntam se vale a pena estar dentro, ou se mais vale sair. E será que queremos que estas dúvidas sejam dissipadas pelos extremismos, pelos isolacionismos e pelas intolerâncias? Se não queremos, então temos de agir. E julgo que temos de agir já", sublinhou.

Passos Coelho desenvolveu as propostas de criação de um Fundo Monetário Europeu, de estabelecimento de "uma verdadeira união financeira, com a união dos mercados de capitais e um sistema europeu de insolvência e reestruturação de empresas", e de "autonomia das instituições políticas europeias face ao BCE e ao FMI".

Relativamente ao FMI, sublinhou que "a Europa tem de saber cuidar dos seus próprios problemas, e se em 2010 não havia talvez preparação técnica para levar a cabo ações que não tinham precedentes, hoje não se pode dizer o mesmo".

"Isto também permitirá ao FMI dedicar-se exclusivamente à assistência financeira de países não-europeus", acrescentou.

Passos argumentou, por outro lado, que na atual União Europeia "a política monetária não encontra na política económica o mesmo grau de execução, responsabilização e coerência".

"O BCE precisa de um interlocutor nítido e responsável - no duplo sentido de quem responde e de quem presta contas - da política económica. Essa conjugação é determinante para a eficácia quer das políticas orçamentais e das reformas, quer da própria política monetária", defendeu.

"No plano político precisamos destas duas pernas para andar. E, para andar sem tropeçar, precisamos que elas estejam sincronizadas uma com a outra", sublinhou.

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