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O antigo deputado do CDS-PP, António Lobo Xavier, considera que a Assembleia da República tem a capacidade de "condicionar e limitar os deputados" com ideias extremistas e que isso pode acontecer com o Chega. No programa O Princípio da Incerteza, da TSF e da CNN Portugal, o comentador lembra que o Parlamento já fez isso no passado.
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"A Assembleia da República uma das coisas úteis que fez foi conseguir integrar essas figuras da extrema-esquerda que em fases da história da nossa democracia estavam do lado oposto à existência de parlamentarismo ou até do lado do cerco à Assembleia da República", afirma.
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Nesse sentido, questionado sobre se isso pode acontecer com o Chega, António Lobo Xavier confia na capacidade da Assembleia da República: "O que eu acho que podemos compreender é que, de facto, essa força do parlamento e a força da democracia e da liberdade foram úteis para condicionar e limitar os deputados com essas ideias. Talvez isso também possa acontecer no Chega, mas eu não votaria."
"Essa força do Parlamento e a força da democracia e da liberdade foram úteis para condicionar e limitar os deputados com essas ideias"
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Para o antigo deputado do CDS-PP, o Chega precisa do apoio do PS ou do PSD para eleger um vice-presidente. "O Chega, para ter um vice-presidente da Assembleia da República, precisa do apoio dos dois grandes partidos. Ou consegue votos do PS e do PSD, ou consegue votos só do PS. Não há outra forma. A tradição na Assembleia da República é aceitar que algumas personalidades pela sua reputação, pela sua popularidade, pelo modo como são encarados no parlamento recebam apoios de bancadas que estão distantes do ponto de vista ideológico e político, mas é preciso vencer essas barreiras", acredita.
De acordo com Lobo Xavier, "isso vence-se com reputação, autoridade moral, um certo passado, o trabalho na Assembleia", mas reitera que "não é possível ter um vice-presidente sem ter o apoio do PS e do PSD, neste momento". Assim, o antigo deputado centrista reconhece ser improvável que haja um vice-presidente da Assembleia da República do Chega e que é o partido de André Ventura que sai sempre a ganhar da situação.
"É claro que o Chega fica sempre a ganhar. Ou tem um vice-presidente e dirá que já está institucionalizado e que já está a tomar conta da casa da democracia, ou não lhe dão aquele lugar e será a vítima porque estará a ser ostracizado pelos donos do sistema, pelos senhorios do sistema que não admitem contestação", considera António Lobo Xavier.
"É claro que o Chega fica sempre a ganhar"
Sobre o nome proposto pelo Chega defende que provavelmente não será eleito: "Dá-se o caso que eu conheço Diogo Pacheco de Amorim. É uma pessoa cortês, culta e inteligente, mas toda a vida com uma grande propensão para a conspiração. Não é propriamente aquela personalidade capaz no parlamento de vencer as reticências e as distâncias políticas. Portanto, provavelmente não vai ser."