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A queijaria que Jorge Coelho abriu há cinco anos em Mangualde é o maior produtor de queijo de origem protegida da Serra da Estrela
O objetivo do antigo ministro, ex-gestor de grandes negócios, era regressar à terra onde nasceu, no distrito de Viseu, e fazer um investimento em homenagem ao avô que comprava queijos e depois os vendia em Lisboa, criando emprego no seu concelho.
O regresso de Jorge Coelho a Mangualde e abertura da fábrica de queijo dinamizou a economia da região e sobretudo a vida económica dos cerca de quarenta pastores que lhe vendiam atualmente leite. Entre os vinte primeiros a fazer negócio estava Zézito, um pastor com perto de uma centena de cabras e sobretudo ovelhas.
De início, José Marques - Zézito é a alcunha pela qual é mais conhecido - teve dúvidas, mas deixou de as ter depois do primeiro encontro com o antigo ministro socialista: as suas intenções eram mesmo genuínas.
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Ouça a conversa do pastor com o jornalista Nuno Guedes, com trabalho técnico de Francisco Lima.
"Já trabalho com isto há vinte e tal anos. Na maior parte das queijarias para quem vendia o leite eu nem sequer conhecia o patrão. Conhecia o empregado e ao fim do mês passava o cheque".
"Com o Dr. Jorge não era assim. Todos os anos fazíamos o almoço de Natal e dava uma prenda para a minha filha. Vinha às explorações falar com os criadores...", conta o pastor que ficava surpreendido com o interesse do político pela sua vida.
"Se ele não abrisse esta queijaria ou desistíamos dos animais ou vendíamos o leite ao preço que estava pois não havia movimento", refere Zézito, que explica que ainda hoje há fábricas a comprar o leite a 1,05 euros por litro, mas Jorge Coelho comprava-o a 1,25 e ainda deu uma forte ajuda a fazer pressão junto da Câmara Municipal para encontrar forma de levar a eletricidade até à sua exploração onde guarda os animais.
Impulsos e mudanças que ajudaram a alterar a vida económica deste pastor - "a diferença de preço dá perfeitamente para pagar as rações e os milhos que os animais comem".
"O que eu mais admirava numa pessoa destas é que ele dava valor ao nosso trabalho, porque esta vida não é propriamente fácil. Apanhamos chuva, apanhamos frio; ora chove, ora faz sol. É complicado. Ele vinha, conversava connosco, e sabia... aliás o avô dele a vida era vender queijo. O Dr. Jorge era uma pessoa dada, humilde, entendia, conversávamos, dava valor aos princípios com que foi criado", resume o pastor, que quando ouviu a notícia da morte, através da rádio, ficou em choque.