A meta para 30 de janeiro é eleger cinco deputados, subindo de 1,29% de votos para "4,5% dos votos a nível nacional".
O primeiro dia da VI convenção da Iniciativa Liberal (IL) teve dois discursos do líder João Cotrim de Figueiredo, que apelou ao voto dos descontentes, principalmente à direita, e mostrou-se convicto que "mais tarde ou mais cedo", os liberais vão chegar ao Governo.
O título da única moção de estratégia global é "Preparados: liberalizar Portugal", lema bem visível na sala do Centro de Congressos de Lisboa, no tiro de partida para a campanha das legislativas.
"Nunca esquecer: a IL é um partido político, e por isso quer mudar o estado das coisas, e exercer o poder. Não temos pressas, não trocaremos convicções por cargos, mas seremos poder em Portugal", garantiu Cotrim de Figueiredo.
A meta para 30 de janeiro é eleger cinco deputados, subindo de 1,29% de votos para "4,5% dos votos a nível nacional", com perspetivas de Governo, mas de rejeição a um possível bloco central.
"Nós não queremos e não vamos deixar que o PS governe sem oposição firme, porque o PS não faz ideia de como colocar este país a crescer. O PS não é solução para os problemas do país", apontou.
Cotrim de Figueiredo assume que "no poder ou na oposição, o voto útil é na IL", até porque os membros do partido não negoceiam lugares para chegar ao poder.
"Alguns ainda perceberam, mas trairemos os nossos valores só para exercer o poder. Não vamos começar qualquer negociação começando por falar em cargos, e depois logo se vê", sublinhou.
Com eleições antecipadas, o presidente liberal assume que esta é uma oportunidade que o partido não pode desperdiçar. "Sinto que podemos dar um salto importante, não podemos perder esta oportunidade, com as tais garantias que não venderemos a alma ao diabo em qualquer circunstância", reforçou.
Perante os 1200 membros da iniciativa liberal, já que todos os militantes têm acesso aos trabalhos, 700 estão no Centro de Congressos de Lisboa e 500 à distância, Cotrim de Figueiredo prometeu que "a IL não vai ficar por aqui".
Críticos também se fizeram ouvir
Na convenção do partido, quem quiser falar tem apenas dois minutos para a intervenção e, em dois dias, João Cotrim de Figueiredo fala três vezes, sem limites de tempo.
O militante 1093, Rui Malheiro, que é também conselheiro nacional, queixou-se de que "não é ouvido", nem tem voz na escolha de candidatos.
"O problema desta comissão executiva é isto: falam durante uma hora e meia, e os membros têm dois minutos. Falam mais do que ouvem", apontou.
Rui Malheiro disse ainda que "nunca foi ouvido" pela comissão executiva, mas recebeu a resposta da vogal da direção Catarina Maia.
"Saia do sofá, tenha iniciativa, é isso que se pede. Há inúmeros canais, temos grupos de Facebook, Discord e Whatsapp", respondeu Catarina Maia.
Outro crítico que subiu ao palco foi José Antunes, que acusa a direção de ter centralizado a Iniciativa Liberal, contra os valores do partido. "A falta de liberdade castra a energia individual das pessoas e leva a resultados inferiores. Em dois anos, ao nível das regras e transparência, fizeram uma revisão estatutária que foi um passo contrário ao liberalismo", disse.
José Antunes garante que "tudo se centralizou" no partido, e pediu mais transparência na escolha dos candidatos.
João Cotrim de Figueiredo é reeleito este domingo, já que é o único candidato, e discursa no encerramento dos trabalhos, num discurso que se espera de apelos ao voto a pensar no dia 30 de janeiro.
A nova comissão executiva é uma equipa de continuidade, com poucas mexidas. Entra o professor catedrático Miguel Pina e Cunha e a advogada Ana Pedrosa-Augusto, que foi vice-presidente do Aliança, mas nas autárquicas já integrou as listas da Iniciativa Liberal à Câmara de Lisboa.
A saída mais notável é a de Maria Castello-Branco, uma jovem liberal que foi apontada com uma estrela em ascensão no partido, mas perdeu protagonismo nos últimos tempos, depois de ter recusado participar na convenção do Movimento Europa e Liberdade (MEL).