"Uma máquina administrativa sob uma cadeia hierárquica." Costa e Marcelo recordam a censura

O primeiro-ministro fez vários avisos para não se dar a liberdade como garantida, enquanto o Presidente da República aproveitou para contar histórias de quando era jornalistas.

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, e o primeiro-ministro, António Costa, discursaram no encerramento da exposição "Proibido por inconveniente - Materiais das Censuras no Arquivo Ephemera", em Lisboa.

O primeiro-ministro recordou que "a censura estava em toda uma máquina administrativa sob uma cadeia hierárquica" e realçou que este "é um trabalho que temos de prosseguir e manter viva esta memória".

"Se compararmos o que foram 47 anos, com os 12 anos do nazismo, os 20 e tal anos do fascismo italiano e os próprios menos de 40 anos do período soviético, percebemos bem a duração desta nossa ditadura e as causas profundas que deixou no país", disse António Costa.

Para o líder do Executivo, "o fundamental é lembrar o que foi para reforçar o amor que temos na liberdade", porque "hoje noutras geografias houve sempre alguém que achou que a liberdade era um bem adquirido e acordou sem essa liberdade".

De seguida, passou a palavra a Marcelo Rebelo de Sousa, com um cumprimento especial ao Presidente da República que foi "vítima da censura enquanto jornalista".

O Chefe de Estado aproveitou para agradecer as recordações da censura. "Nós vamos ficar para o futuro com um manancial de documentos e isso deve-se a uma pessoa: José Pacheco Pereira", agradeceu.

Depois aproveitou para contar várias histórias de quando era jornalista e trabalhava diretamente com a censura, no semanário Expresso.

"Não houve nada que não acontecesse. Francisco Sá Carneiro era colaborador do Expresso e era cortado, cortado, cortado. Encontramos como solução publicar os discursos dele na Assembleia Nacional. Foram cortados. E eu dizia: "Como é que é possível? Está publicado no Diário das Sessões da Assembleia Nacional." [Respondia a censura]"Não interessa. Isso era quando ele era deputado, tínhamos de admitir. Agora como já não é deputado corta-se."", recordou.

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