O coordenador do Observatório do Instituto de Ciências Sociais diz que os portugueses têm cada vez menos confiança nas instituições, como partidos políticos, justiça e polícia, escolas e professores.
«Creio que esse é um sinal preocupante, porque um país que não confia em si próprio e nas suas instituições não pode ser um país que tem esperança e força e que se mobiliza para garantir um desenvolvimento mais equilibrado e sólido», explicou João Ferrão.
Para além da questão da confiança, Portugal está também em divergência de outros países europeus na questão do afastamento entre as gerações mais novas e mais velhas.
«Havendo menos crianças a nascer vamos tender a ser cada vez um país mais envelhecido, ao contrário de outros países que tiveram já valores mais baixos e já recuperaram» no índice de fecundidade, lembrou João Ferrão.
Este investigador do Instituto de Ciências Sociais assinalou ainda que se estão a «acentuar as disparidades sociais entre os mais ricos e os mais pobres».
Por outro lado, Portugal converge com outros países europeus na questão dos «indicadores e resultados sociais relativos aos mais jovens que estão muito próximos ou são mais positivos que a média da Europa».
João Ferrão alertou ainda para o facto de «todo o tipo de soluções que analisadas no ponto de vista estritamente económico-financeiro sem levar simultaneamente em conta os custos e benefícios dessas soluções do ponto de vista social podem desencadear reacções em relação às quais o país terá alguma dificuldade em responder».