O PSD decidiu votar a favor do relatório da comissão de inquérito à actuação do Governo na tentativa de compra da TVI, mas com «alguma frustração, por não se poder ter ido tão longe» quanto o partido desejava, disse o social-democrata Pedro Duarte.
«As conclusões, indiciando factos manifestamente graves, não são suficientemente categóricas que sustentem uma consequência institucional dessa natureza», afirmou.
Por outras palavras, o PSD não encontra respaldo para avançar no sentido de uma moção de censura, embora reconheça que o relatório segue no caminho certo.
Pedro Duarte considera que o documento «aponta no caminho de dar nota e de mostrar um conjunto muito significativo de incongruências, silêncios, omissões e contradições, que justificam uma fortíssima suspeita e indícios muito claros de que o negócio decorreu de uma forma menos correcta» e que teve uma «motivação política».
Contudo, «não se chegou a uma conclusão suficientemente categórica e forte como aquela que eventualmente todos desejaríamos», lamentou.
Estes argumentos vão constar na declaração de voto que será entregue sexta-feira, sem que Pedro Duarte saiba, contudo, se vão lá estar as assinaturas de todos os deputados social-democratas presentes na comissão.
Sobre a eventualidade de Pacheco Pereira apresentar uma declaração de voto, Pedro Duarte afirmou que todos os deputados são livres de fazerem o que entendem e que a decisão de votar a favor do relatório foi unânime.
Apenas o social-democrata Mota Amaral deverá abster-se, por presidir à comissão e desejar salvaguardar a imparcialidade.
Na quarta-feira, o relator do relatório, o bloquista João Semedo, tinha apelado ao sentido de responsabilidade do maior partido da oposição, lembrando que se o PSD optasse pela abstenção, os socialistas teriam força para enviar o documento para o lixo.