O Comandante-Geral da GNR admitiu, durante a cerimónia de comemoração dos 98 anos da GNR, que a aplicação da nova lei orgânica fa Guarda «não foi, nem é fácil».
Apesar de reconhecer que a medida resultou de boas intenções, o tenente general Nelson dos Santos não evitou estes reparos durante o seu discurso, este domingo, na Praça do Império em Lisboa.
Perante o primeiro-ministro, José Sócrates, e o ministro da Administração Interna, Rui Pereira, o Comandante-Geral da GNR referiu os aspectos de maior dificuldade na aplicação da lei.
«A implementação da lei orgânica não foi, nem é ainda fácil, ao reduzir os níveis de chefia e direcção, mudar relações de comando, modificar circuitos logisticos e operacionais, criar novas unidades, fizeram alterar os equilibros internos e provocou-se descontinuidade nos procedimentos e rotinas», sublinhou o Comandante-Geral da GNR.
Contactado pela TSF, o presidente da Associação dos Profissionais da Guarda, José Manageiro, concorda com esta análise do tenente general Nelson dos Santos.
José Manageiro acrescenta ainda que o objectivo da reforma não foi cumprido.
«O objectivo desta reforma era preparar a GNR para as novas realidades do âmbito criminal torná-la mais eficaz e mais próxima do cidadão, o que não se concretizou», referiu o responsável.
O presidente da Associação dos Profissionais da Guarda queixa-se sobretudo de uma grande carga burocrática, que passou a ser uma nova tarefa para os guardas.
«A Guarda aumentou muito a carga burocrática que tinha e o pessoal dos postos deteriorou as suas condições de trabalho. A Guarda abandonou um pouco o policiamento de proximidade que estava na genese desta reforma. E, portanto, o resultado de todo este processo aumento o descontentamento e a desmotivação na Guarda», acrescentou.