A luta "de todos" por uma "vida justa" saiu à rua em Lisboa
Protesto

A luta "de todos" por uma "vida justa" saiu à rua em Lisboa

Contra o aumento do custo de vida em Portugal, centenas de pessoas concentraram-se este sábado na praça Marquês de Pombal, em Lisboa, numa manifestação que teve como destino a Assembleia da República, para reivindicar ação política, inclusive "salários para viver".

"Queremos pão, não inflação", "basta de aumento dos preços" e "casas para morar, não para especular" são algumas das frases de ordem, inscritas nas faixas que, pelas 15h00, estavam estendidas no chão a aguardar pelo arranque do protesto pelas ruas de Lisboa. A marcha começou a avançar pelas 15h45, hora em que começou a chover.

Promovida pelo movimento cívico Vida Justa, a manifestação começou por encher um dos lados da rotunda do Marquês de Pombal com centenas de pessoas, momento a partir do qual se esperou que mais se juntassem no percurso até à Assembleia da República.

"É importante que venham para a rua"

Em declarações à TSF, uma das participantes no protesto, Alexandra Vieira, assinalou que esta "é uma luta de todos", e que resultado do "descontentamento face ao que têm sido as suas vidas".

As principais preocupações são as "rendas com valores exorbitantes", acompanhadas de imóveis "que ninguém pode pagar, sobretudo as famílias mais jovens e monoparentais", que assim "não têm outro remédio que não o de vir para a luta e reivindicar" o direito essencial à habitação.

"É importante que venham para a rua mostrar o seu desagrado e façam entender a este Governo de maioria" as suas reivindicações, "ocupando o espaço público para fazer chegar esta mensagem de profundo descontentamento e muita dificuldade em aguentar a vida do dia-a-dia".

Pelas 17h00, quando o protesto chegou à Assembleia da República, um outro manifestante, Francisco Araújo, de 23 anos, confessou à TSF ter "a sorte" de ainda morar com os pais "no centro de Lisboa", mas não deixou de assinalar os problemas de quem vive outras realidades.

"Muitos jovens que, como eu, já trabalham, não sabem o que vai acontecer a seguir. Não sabemos para onde vamos viver", alertou, explicando que ficar em Lisboa "é impossível".

"É quase mais fácil ir para fora viver, e esta não devia ser uma escolha assim tão fácil", confessou, lamentando não ter sido capaz de estimular uma maior participação no seu círculo: "Conheço quem não esteja cá que devia estar."

"Fui obrigada a vir para a rua gritar"

Em declarações à agência Lusa, Rui Estrela, um dos responsáveis pelo movimento cívico Vida Justa, disse que a participação é, sobretudo, de pessoas de bairros periféricos de Lisboa, afirmando que mais importante do que a adesão ao protesto de hoje é que o mesmo irá ter continuidade, referindo que esta manifestação é "a forma mais sonante" de dar início ao processo de reivindicações junto do poder político.

A opção de terminar o protesto na Assembleia da República foi por considerarem que este "é o espaço que deve ser permeável às propostas e à voz dos cidadãos", indicou Rui Estrela, referindo que a convocação de uma manifestação é a forma "mais fácil" de se fazerem ouvir, para que possam participar na tomada de decisões e ter a "democracia em pleno".

"Lutar, lutar, para a fome acabar. Lutar, lutar, queremos casas para morar", foi uma das frases de ordem que se fizeram ouvir, em simultâneo com o som do rufar dos tambores.

Entre os vários cartazes no protesto, um era erguido por uma idosa de cadeira de rodas: "Fui obrigada a vir para a rua gritar."

"Já é tempo de juntarmo-nos e lutar!", lia-se num outro cartaz.

O movimento Vida Justa nasceu na periferia de Lisboa e é composto por moradores dos bairros destas zonas, por pessoas de movimentos sociais e cidadãos de vários setores, como professores, juristas, antropólogos, investigadores, entre outras profissões, que se juntaram para alertar para situações de precariedade vividas atualmente.

Na concentração junto à praça Marquês de Pombal, estiveram representadas várias associações, inclusive o secretário-geral da Federação Nacional dos Professores (Fenprof), Mário Nogueira.

Este protesto decorreu quase em simultâneo com uma manifestação de professores e trabalhadores não docentes, organizada pelo Sindicato de Todos os Profissionais de Educação (Stop), que começou junto ao Palácio da Justiça e que foi, também, até à Assembleia da República.

O manifesto do movimento Vida Justa, que se encontra em processo de recolha de assinaturas, alerta para que "todos os dias os preços sobem, os despejos de casas aumentam e os salários dão para menos dias do mês".

"As pessoas estão a escolher se vão aquecer as suas casas ou comer", lê-se no documento, em que os subscritores exigem um programa de crise que "defenda quem trabalha", que os preços da energia e dos produtos alimentares essenciais sejam tabelados, os juros dos empréstimos bancários congelados, os despejos proibidos, além de aumentos salariais acima da inflação e medidas para apoiar o comércio e pequenas empresas.

Mais Notícias

Outros Conteúdos GMG

Patrocinado

Apoio de