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Tivessem os diversos serviços da câmara municipal de Sintra (CMS) trabalhado de forma coordenada, as árvores abatidas ainda estariam de pé. Isso mesmo reconhece na TSF a responsável pelo Gabinete de Requalificação Urbana na CMS. Sofia Silvano admite que o processo "não foi suficientemente articulado, não foi suficientemente ponderado", e isso, "infelizmente", levou ao derrube de 63 tílias, número adiantado pela própria autarquia.
Sofia Silvano explica que as tílias foram apanhadas por uma intervenção que inclui uma ciclovia, a substituição da rede de água e saneamento, e a colocação subterrânea dos caixotes do lixo e da reciclagem. Uma obra de maior dimensão, em que nem sequer se considerou a necessidade de uma autorização do presidente da câmara, Basílio Horta, para mandar abaixo árvores protegidas pelo Regulamento de Gestão do Arvoredo do município de Sintra.
A geógrafa que lidera a requalificação urbana no concelho, o segundo maior do país, também reconhece que as árvores e a ciclovia podiam muito bem coexistir, naquela que é uma das maiores e mais largas ruas da freguesia de Algueirão - Mem Martins. Por isso mesmo, Sofia Silvano faz questão de sublinhar que o plano da autarquia é plantar novas árvores, "com algum porte", a partir do início de 2022.
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A polémica estalou na semana passada, quando dezenas de tílias foram deitadas abaixo na avenida D. Afonso Henriques, uma rua larga, com passeios de grande dimensão e espaço para quase tudo.
Perante os protestos de residentes e defensores do ambiente, Basílio Horta mandou abrir um inquérito e ordenou a suspensão do abate. O resultado final desse inquérito ainda não é conhecido. Mas o presidente da Câmara já determinou que, daqui para a frente, qualquer intervenção municipal que implique as árvores terá obrigatoriamente de ter a autorização expressa do autarca, o que não aconteceu neste caso.
A CMS assegura também que as tílias que sobreviveram ao abate da semana passada não vão ser arrancadas.
Também ouvido pela TSF, o Grupo de Amigos das Árvores de Sintra não aceita as explicações da Câmara. Filomena Veiga Frade sublinha que várias leis e regulamentos foram desrespeitados, neste caso; e também não fica mais tranquila com as garantias do município de que as tílias que restam na Avenida D. Afonso Henriques, em Algueirão, vão manter-se no mesmo lugar.
Os Amigos das Árvores de Sintra sublinham que, se algumas destas árvores tinham problemas fitossanitários, como chegou a ser dito, então a solução passava pelo tratamento e não pelo derrube. "Quando um cão tem pulgas, não matamos o cão; matamos as pulgas", afirma Filomena Veiga Frade.