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O acidente com um Alfa, registado na sexta-feira em Soure, Coimbra, deveu-se a um desrespeito pelo sinal vermelho por parte de um veículo de Conservação de Catenária, que entrou na Linha do Norte e acabou por ser colhido pelo Alfa Pendular, a 190 km/h. O jornal Público revela esta segunda-feira que esta ultrapassagem de sinal vermelho não constitui uma situação excecional.
Desde 2010, houve 15 ultrapassagens de sinais vermelhos por parte de veículos de serviço da Infraestruturas de Portugal. O gabinete de prevenção e investigação de acidentes ferroviários chegou a este número depois de, em 2016, um veiculo de serviço ter cruzado um sinal vermelho na estação Roma-Areeiro em Lisboa.
A investigação a que o Público teve acesso mostra que o desrespeito pela sinalização é frequente, com pelo menos 15 ocorrências em oito anos.
Para o presidente do Sindicato Nacional dos Maquinistas dos Caminhos de Ferro Portugueses, "errar é humano".
O relatório do gabinete de segurança apresentou oito recomendações, três das quais não tiveram seguimento. Trata-se de medidas como o aumento da formação dos condutores ou a instalação de um controlo de velocidade a bordo dos comboios.
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Não tinha havido consequências até ao momento, mas o acidente de sexta-feira em Soure, que resultou em dois mortos e 43 feridos,
demonstrou que o desrespeito pelos vermelhos pode acarretar efeitos graves.
Além de Soure, o gabinete de segurança tinha também identificado outro historial de risco na passagem de nível de Santarém, que em abril foi palco de uma colisão entre um Alfa e um camião, com a morte de uma pessoa.
Antes do acidente de abril, o gabinete emitiu três recomendações para a Infraestruturas de Portugal melhorar a passagem de nível. Estas também não foram seguidas. A empresa acabou então por fechar a passagem de nível.
O Instituto da Mobilidade dos Transportes tem apenas sete técnicos dedicados à segurança ferroviária, quando o recomendado é haver 20 disponíveis. A escassez de recursos humanos levou mesmo a Comissão Europeia a notificar o Governo português.
O Ministério das Infraestruturas e Habitação garantiu ao Público estar ciente da falta de técnicos, e dizia, já em maio, estar a tentar reforçar a equipa.
António Domingos garante que há um fator económico a ditar os problemas.