Suspensos 65% dos comboios até ao meio-dia. Adesão à greve da CP superior a 90%

Segundo a CP, dos 309 comboios previstos circularam 107.

A adesão à greve dos trabalhadores das bilheteiras e revisores da CP, que se iniciou este domingo, regista uma adesão superior a 90% em todo o país, estando apenas a ser cumpridos os serviços mínimos obrigatórios, disse fonte sindical.

"Estão a ser cumpridos os serviços mínimos de 25%. Todos os restantes aderiram à greve, praticamente na totalidade, o que demonstra a grande insatisfação dos trabalhadores. Poderá haver um ou outro que não aderiu, mas é residual, no geral a adesão é de mais de 90% em todo o país", disse à Lusa Luís Bravo, presidente do Sindicato Ferroviário da Revisão Comercial Itinerante (SFRCI).

A paralisação começou à meia-noite e, segundo a CP, até ao meio-dia, 65% dos comboios previstos foram suspensos. "A CP - Comboios de Portugal informa que, entre as 00h00 e as 12h00 de dia 6 de junho, dos 309 comboios programados para o período, circularam cerca de 35%, num total de 107 comboios", indicou, em comunicado a empresa.

Os serviços mínimos para este período apontavam para a circulação de 63 comboios, que foram todos realizados, a que se somaram mais 44.

Os números do Sindicato Ferroviário de Revisão Comercial e Itinerante são diferentes. Em declarações à TSF, Luís Bravo, presidente do Sindicato, assegurou que apenas estão a ser cumpridos os serviços mínimos.

"O balanço é de uma adesão total e de uma demonstração do descontentamento que existe na empresa em relação à situação que estamos a viver. Em termos de revisores, é sempre acima dos 90% e na área das bilheteiras também estão a aderir a esta greve, porque, de facto, os trabalhadores têm estado ao serviço e sentem-se completamente desvalorizados", afirmou.

Os trabalhadores protestam contra a proposta de regulamento de carreiras apresentada pela CP, considerando que põe em causa postos de trabalho presentes e futuros. A greve nacional dos trabalhadores das bilheteiras e revisores da CP vai durar três dias e a empresa já admitiu a possibilidade de "fortes perturbações" na circulação de comboios a nível nacional.

No entanto, Luís Bravo diz que a empresa ainda vai a tempo de evitar o caos. "Como não teve tempo, nem disponibilidade de se sentar à mesa com os sindicatos, desde o dia 19 até ao dia de hoje, lanço novamente aqui o repto que ainda pode evitar os muitos constrangimentos que vão acontecer no dia de amanhã e de terça-feira", referiu.

Contactada pela TSF, a CP ainda não comenta o repto lançado por Luís Bravo.

Os trabalhadores das bilheteiras e revisores da CP iniciaram hoje uma greve nacional de três dias, até terça-feira, que a empresa admite que possa causar "fortes perturbações" na circulação de comboios a nível nacional.

A CP alertou que hoje, segunda e terça-feira - os três dias da greve convocada pelo SFRCI, em protesto contra a proposta de regulamento de carreiras e reclamando aumentos salariais e o cumprimento do acordo de empresa - "podem ocorrer fortes perturbações na circulação de comboios a nível nacional".

Para esta greve foram decretados serviços mínimos pelo Tribunal Arbitral do Conselho Económico e Social que abrangem a realização de cerca de 25% de comboios.

O SFRCI aponta a greve nacional como a "última forma de luta" face à "recusa de diálogo e à inoperância, há vários meses, na resolução dos problemas dos trabalhadores por parte do Conselho de Administração da CP".

Os trabalhadores protestam contra a proposta de regulamento de carreiras apresentada pela CP, que dizem prever "um aumento da polivalência de funções" e a "junção e extinção de categorias profissionais", considerando que tal "vai pôr em causa postos de trabalho presentes e futuros".

Reclamam ainda a "melhoria do salário base, que atualmente está no limiar do salário mínimo nacional", e a "reposição das perdas salariais sofridas pelos ferroviários operacionais que foram contagiados pela pandemia provocada pela Covid-19, bem como pelos que tiveram de cumprir confinamento profilático por estarem em contacto com colegas infetados".

O SFRCI acusa também a CP de "violação do acordo de empresa em vigor" e exige a "aplicação do acordo assinado com o Ministério das Infraestruturas em 2018, relativo à certificação do agente de acompanhamento".

A "manutenção dos níveis segurança ferroviária" é outra das reivindicações feitas, com o sindicato a considerar que estes "estão a ser colocados em causa pela CP e pelas alterações impostas pelo IMT [Instituto da Mobilidade e dos Transportes] aos regulamentos gerais de segurança, cujo objetivo é servir as empresas privadas que reduzem postos de trabalho e custos com segurança ferroviária".

Finalmente, a greve visa condenar o "abuso do poder disciplinar" que os trabalhadores dizem vigorar na CP.

De acordo com o dirigente do SFRCI António Lemos, são abrangidos pelo pré-aviso de greve "800 a 1.000 trabalhadores" das carreiras comercial e de transportes da CP.

Segundo a CP, quem já tiver bilhetes para viajar em comboios dos serviços Alfa Pendular, Intercidades, Internacional, InterRegional e Regional, poderá solicitar o reembolso do valor total do bilhete adquirido ou a sua revalidação, sem custos.

* Notícia atualizada às 13h41.

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