Afinal, não há "prenda de natal". Obras na Avenida da Liberdade só terminam em 2021

A vereadora Teresa Leal Coelho queria que as mudanças no sentido de circulação estivessem terminadas a tempo do Natal, mas a câmara prevê que as obras sejam bem mais demoradas.

O vereador da Mobilidade da Câmara Municipal de Lisboa avisa que as obras na Avenida da Liberdade não serão simples e que só deverão estar prontas no primeiro semestre do próximo ano. Miguel Gaspar desmente as declarações de Teresa Leal Coelho, vereadora eleita pelo PSD, que esperava que a obra estivesse completa no início de dezembro e que fosse uma "prenda de Natal para os lisboetas".

A vereadora, a quem a concelhia do partido retirou a confiança política no último ano, propôs a reposição do sentido de circulação nas laterais da Avenida da Liberdade, que tinha sido alterado em 2012, com o intuito de reduzir as emissões de gases poluentes - objetivo que não terá sido atingido com a mudança, argumenta Teresa Leal Coelho. Por isso, a proposta de reversão da medida foi votada, esta quinta-feira, e aprovada, com os votos favoráveis de PS, PSD, CDS-PP e BE e a abstenção do PCP.

Ouvida pela TSF, Teresa Leal Coelho mostrava-se satisfeita com a conquista e garantia que a obra não seria "complicada", pelo que poderia estar pronta "antes do Natal, (...) no final de novembro e início de dezembro", e, assim, ser "um presente de Natal para os lisboetas".

Mas o vereador da Câmara de Lisboa com o pelouro da Mobilidade discorda dos argumentos de Teresa Leal Coelho e garante que a obra em causa não é simples.

Em declarações à TSF, Miguel Gaspar remete a conclusão das mudanças no sentido de circulação nas vias laterais da Avenida da Liberdade só para o primeiro semestre de 2021.

"Não é só mudar um sinal de trânsito, há mesmo obra física que é necessária fazer no ajuste de alguns passeios, e é necessário trocar os semáforos de lado,...", assinala o vereador. "Vamos fazer uma repavimentação das laterais, vamos introduzir o canal ciclável, como estava previsto, e vamos fazer um conjunto de obras que visam também melhorar os atravessamentos pedonais da avenida", adianta.

Trata-se, portanto, de um trabalho ainda complexo, pelo que a previsão da autarquia é de que todas estas obras só sejam feitas "no primeiro semestre do próximo ano."

Miguel Gaspar garante que a reposição do sentido de circulação nas vias laterais não vai trazer mais trânsito na Avenida da Liberdade, e que vai, sim, em vez disso, acabar com "o stress, a incerteza dos caminhos, e um congestionamento nada bem-vindo, que é o de quem anda ali às voltas para chegar ao seu destino".

"Vamos melhorar a leitura da avenida e vamos ter todas as medidas necessárias para que, em termos de gestão de tráfego, as laterais continuem salvaguardadas, face ao corredor central da avenida", assegurou à TSF.

Mas não virá esta reversão comprometer o objetivo de tornar a Avenida da Liberdade numa das zonas do objetivo de emissões zero na cidade de Lisboa? Miguel Gaspar defende que não.

"Nós continuamos comprometidos com a redução do tráfego na Avenida da Liberdade. Há uma estratégia de médio prazo para a Avenida da Liberdade de profunda transformação do espaço público e dos acessos da Baixa de Lisboa", afirmou.

Havia "resultados positivos". Alteração deve-se a "vingança", acusa ex-vereador

Fernando Nunes da Silva, especialista em Mobilidade e o mentor das alterações de 2012 à circulação nos corredores laterais da Avenida da Liberdade, acusa a vereadora Teresa Leal Coelho de estar a fazer "um frete" ao atual presidente da Câmara Municipal de Lisboa.

"A senhora vereadora, que é visita de casa do senhor presidente [da câmara de Lisboa], fez o frete ao senhor presidente porque é evidente que era muito complicado [Fernando Medina] estar a promover uma proposta contra o seu antecessor", António Costa, acusa Fernando Nunes da Silva.

O antigo vereador com o pelouro da Mobilidade na autarquia de Lisboa, durante o Executivo de António Costa, considera que o que está em causa são "pequenas vinganças". "É preciso apagar um determinado passado e uma determinada política que estava a ser feita em Lisboa, que estava a dar resultados", atira Fernando Nunes da Silva, acrescentando que "estas questões resolvem-se, de quatro em quatro anos, em eleições".

O especialista em Mobilidade ​​​​​​​contesta as mudanças agora aprovadas, e defende que a alteração nos sentidos de circulação da avenida, que o próprio pôs em prática há oito anos, produziu bons resultados.

"O volume de tráfego tinha baixado para 250 a 300 veículos por hora (...). Pela primeira vez, passou-se a ter lugares de estacionamento nas laterais com relativa facilidade. Estava a ter resultados", alega Fernando Nunes da Silva, que acusa Teresa Leal Coelho de "falar sem dados absolutamente nenhuns".

O especialista questiona ainda a posição do atual vereador da Mobilidade da Câmara de Lisboa - e seu "ex-aluno" -, Miguel Gaspar, acusando-o de fazer uma opção que "contraria tudo aquilo que tem vindo a dizer em fóruns públicos".

"É lamentável que se façam alterações destas", remata.

Notícia atualizada às 12h23

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