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A Assembleia Municipal de Lisboa aprovou na terça-feira, por unanimidade, uma proposta do PS para a gestão sustentável da água na cidade, em que se recomenda o reforço dos programas de eficiência hídrica, para evitar o desperdício de água potável.
"A atual situação de seca colocou 99% do país em situação de seca meteorológica no final de janeiro, o que torna mais premente que se promova uma gestão sustentável da água na cidade", afirmou o deputado municipal do PS José Leitão, na apresentação da proposta de recomendação dirigida à Câmara Municipal de Lisboa.
Entre as medidas recomendadas está a necessidade de reforçar "a curto prazo" os programas de eficiência hídrica, que abrangem a rega dos espaços verdes e a lavagem de ruas, permitindo assim a redução do consumo de água potável.
"O consumo de água potável desde 2013 diminui 66% e será possível, querendo, diminuir mais 30% até 2030", indicou o deputado do PS, referindo que na cidade de Lisboa os usos não potáveis, desde rega a lavagem de ruas, consomem "mais de 50% de água".

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José Leitão realçou a importância da eficiência hídrica, que tem diversas dimensões, "desde logo a necessidade de um programa para promover a eficiência hídrica no parque edificado da câmara, evitando o desperdício de água potável", através da instalação de redutores de caudais nos chuveiros e torneiras.
"Tem havido uma preocupação com a poupança de água com recurso a sistemas inteligentes de rega que se ativam mediante as necessidades dos solos, as condições meteorológicas e o estado da vegetação", afirmou o socialista, apontando o parque Eduardo VII e o parque das Conchas como exemplos de alguns dos espaços verdes municipais que utilizam esta tecnologia.
Neste âmbito, a segunda área de intervenção tem a ver com a substituição de água potável por água reciclada e pela utilização de outros recursos aquíferos, assim como "a eventual reutilização de águas das chuvas ou águas provenientes da rede de drenagem", sugeriu o deputado do PS, adiantando que atualmente as ruas da cidade se lavam com recurso a camiões cisterna com água reciclada, "mas há um projeto para constituir uma rede de distribuição de água residual tratada para fins não potáveis".
Outra das preocupações é a monitorização das perdas de águas, de forma a assegurar a utilização racional da água evitando desperdícios, em que "a EPAL [Empresa Portuguesa das Águas Livres] tem vindo a diminuir drasticamente as perdas na rede de distribuição, tendo passado de 23,3% em 2005 para 7,9% atualmente", avançou José Leitão, indicando que está é "uma das melhores performances do mundo".
A proposta do PS sugere ainda que na requalificação de espaços verdes se dê preferência a espécies menos exigentes em água, concorrendo assim para uma maior sustentabilidade ambiental.
Além destas medidas estruturantes, a iniciativa recomenda que se passe a efetuar a lavagem de equipamentos e viaturas municipais, com exceção dos transportes públicos, "apenas em caso de extrema necessidade", em função da evolução da atual seca meteorológica.
"Não temos dúvidas que a gestão sustentável da água na cidade tem de ser um desígnio coletivo, de todos nós", reforçou o socialista.
A proposta do grupo municipal do PS recomenda ainda que a câmara "defina e concretize, eventualmente em parceria com outras entidades que atuem nesta área, campanhas de sensibilização, dirigidas à população de Lisboa, que apelem ao uso racional e sustentável da água".