Ameças a médica na Chamusca levam sindicato a reinvindicar estatuto de risco

Ameaça a médica na Chamusca levanta questões relacionadas com a segurança dos profissionais de saúde. ARS Lisboa e Vale do Tejo vai reavaliar condições de segurança.

O Sindicato dos Médicos da Zona Sul (SMZS) reivindica o reconhecimento do estatuto de risco e penosidade acrescida para a profissão. O pedido é sublinhado com um caso ocorrido esta segunda-feira e que envolve uma médica do centro de saúde da Chamusca, no distrito de Santarém, ameaçada de morte por um utente.

O presidente do SMZS, João Proença, dá conta da reivindicação feita ao Governo, explicando os contornos do acidente.

"Foi uma questão relacionada com a passagem eletrónica de um certificado para uso de arma de fogo", pedido a que a médica não acedeu. Perante a recusa, o utente em questão "ameaçou-a com uma arma".

A médica já apresentou queixa às autoridades e pediu "sigilo" e anonimato ao sindicato. "É muito importante que os serviços públicos de saúde assegurem a segurança dos médicos no exercício das suas funções e na prevenção destas situações", algo que leva o SMZS a intensificar a reivindicação do estatuto de risco e penosidade acrescida.

O SMZS responsabiliza diretamente o ministério da Saúde por submeter os médicos ao que descreve como más condições de trabalho e por não resolver os problemas que propiciam a ocorrência de casos como o que ocorreu no centro de saúde da Chamusca.

ARS Lisboa e Vale do Tejo pode rever segurança

O presidente da Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo lamenta o episódio mas não se pronuncia, para já, sobre o mesmo. Luís Pisco alega que estas são questões que implicam alterações legislativas que não são da sua competência. No entanto, já falou ao telefone com a médica em questão, que também lhe relatou o episódio que viveu.

Luís Pisco relata que ofereceu o seu apoio à médica em questão, saudando a denúncia que a própria fez às autoridades. "É um processo lamentável. Há um doente que chega atrasado à consulta, que começou 17 minutos atrasada. O senhor estava violento, pediu um atestado para utilização de arma de fogo e a colega informou-o - e muito bem - que teria de fazer testes psicotécnicos."

Terá sido aí que o utente se tornou agressivo, mencionando que tinha uma caçadeira em casa e que "se mataria a ele próprio e, eventualmente, a mais algumas pessoas".

Para já, Luís Pisco reconhece que pode ponderar a contratação de segurança para o centro de saúde da Chamusca se se verificar que a mesma não existe. Ainda assim, lembra que a "esmagadora maioria" dos "700 locais de atendimento" da região de Lisboa e Vale do Tejo já dispõem de segurança.

"Os seguranças não podem estar armados e, nalguns casos, não podem sequer intervir. Tem de haver algum civismo. As pessoas têm de perceber que os profissionais de saúde estão ao seu serviço e a procurar zelar pela sua saúde e bem-estar", explica Luís Pisco.

Não tendo a certeza de que essa mesma segurança exista na Chamusca, o presidente da ARS de Lisboa e Vale do Tejo garante que vai "tomar as medidas consideradas convenientes, juntamente com o diretor executivo do agrupamento de centros de saúde".

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