Amizade entre "laranjadas, jogos de bilhar e uma aventura no Algarve". Jorge Palma recorda Zeca Mendonça

O músico e o nome histórico do PSD, a quem o NewsMuseum dedica agora uma exposição, remonta à adolescência. À TSF, Jorge Palma conta memórias dos tempos que os uniram.

A partir desta sexta-feira, em Sintra, no NewsMuseum, o Museu das Notícias, uma nova exposição percorre a vida de um nome histórico, Zeca Mendonça, que, ao longo de 45 anos, permaneceu leal ao PSD. De Francisco Sá Carneiro a Pedro Passos Coelho, foram 17 os líderes social-democratas que contaram com ele na assessoria de imprensa. Por este motivo, a história do PSD e o percurso de Zeca Mendonça são inseparáveis.

José Luís Mendonça Nunes, 'Zeca', entrou para o partido em 1974, onde começou como segurança, depois de ter sido militante da Juventude Operária Católica, de ter trabalhado no teatro, e também com o músico Jorge Palma. A vida levou-os por caminhos diferentes, mas a amizade entre o músico e Zeca Mendonça manteve-se.

Entre ensaios para os concertos de Abril, Jorge Palma recorda, na TSF, memórias dos amigos que se conheceram aos 13 anos, no Liceu Camões.

"Falar do Zeca Mendonça, o 'Zequinha', traz-me muitas recordações", admite Jorge Palma. "O Zeca foi dos primeiríssimos amigos que eu tive na fase da adolescência."

O músico conta como foram "criando uma amizade muito engraçada", da escola para o Café Império, entre "bifes, laranjadas e, sobretudo, jogos de bilhar".

"O Zeca tinha um sentido de humor único. Tinha mesmo muita graça e sentido de observação. Era uma pessoa muito especial", nota.

Jorge Palma recorda a aventura de uma viagem ao Algarve, em 1968. "Tinha 17 anos. Foi nas férias da Páscoa. [Fomos] à boleia. Lembro-me de, às 3h ou 4h da manhã, estarmos os dois a andar nas estradas do Alentejo. Não passava vivalma e, não sei como, lá nos desenrascámos e chegámos a Albufeira. Mas chegámos. Andávamos sempre tesos." Ficaram no Algarve por seis meses. O próprio Zeca Mendonça afirmou que aquelas foram as melhores férias da sua vida.

"Conheci uma banda de Santarém, arranjou-se um teclado, eu juntei-me à banda, arranjámos trabalho numa boate, um clube em Portimão, e o Zeca vivia connosco", lembra Jorge Palma. "Os donos do clube pagavam-me um quarto numa pensão e o Zeca passou a dormir no meu quarto clandestinamente. O Zeca entrava e saía pela janela. Essa cena ficou para a história", brinca, evocando um "verão delicioso" com "muitas histórias"

Quando regressam a Lisboa, Zeca cumpre o serviço militar e é mobilizado para a Guiné, depois de participar numa manifestação contra o regime. É aí que a vida dos dois amigos segue caminhos diferentes.

"Fui para a Dinamarca, por causa da guerra em África. Tive asilo", indica Jorge Palma. "Quando voltei, o Zeca tinha a sua vida. Fomo-nos vendo menos", admite. Apesar da distância, Jorge Palma recorda o amigo Zeca como "uma pessoa muito generosa." Mas então e no que toca à música? Também havia harmonia? "O Zeca cantava assim uns fados... mas não era o forte dele. Sinceramente, não era", ri. "Mas, como tinha aquela graça toda, a malta gostava de o ouvir cantar. E falar. Tenho saudades dele."

Mais Notícias

Outros Conteúdos GMG

Patrocinado

Apoio de