A Avenida da Liberdade, em Lisboa, vai estar em obras durante quatro meses. O objetivo é repor os sentidos de circulação de trânsito nas ruas laterais de uma das principais avenidas da cidade, sentido esses que mudaram há mais de dez anos. Na altura, António Costa era ainda o presidente da câmara de Lisboa. Agora, volta tudo a ser como estava antes, mas, para isso, a Avenida da Liberdade vai ser uma espécie de estaleiro até ao verão.
As obras começam daqui a cerca de dez dias, no início de abril, devem durar quatro meses, e estão a cargo da EMEL, que revela ao jornal Público os passos da empreitada. As mudanças no sentido de trânsito serão feitas cruzamento a cruzamento: alterações nos semáforos, demolição de algumas ilhas que foram construídas nos cruzamentos e instalação de sensores de tráfego.
Quarteirão a quarteirão, o sentido de trânsito vai voltar ao que era antes de 2012, mas o limite de velocidade nas ruas laterais será de 30 kms/hora, o que vai permitir uma via para as bicicletas desde os Restauradores ao Marquês de Pombal.
A EMEL sublinha que quer evitar perturbações, mas admite que as obras poderão obrigar a desvios de trânsito para a passagem das máquinas. No entanto, não está prevista qualquer supressão de lugares de estacionamento.
A proposta de reverter o sentido de trânsito nas laterais da Avenida da Liberdade foi aprovada em 2020, por iniciativa da então vereadora do PSD, Teresa Leal Coelho, que alegava que as alterações não só prejudicavam os moradores
e comerciantes, mas também não reduziam a emissão de gases poluentes.
Na altura, todos os partidos, incluindo o PS, votaram a favor da reversão dos sentidos de trânsito. Só o PCP se absteve.
Obras são "urgentes". "Já que não foi antes, que seja agora"Em declarações à TSF, Teresa Leal Coelho considera que as obras já deviam ter sido feitas e espera que, agora, a situação melhore para os comerciantes e moradores.
"As obras deveriam ter acontecido quando foi aprovada a proposta em outubro de 2020, mas não foi esse o entendimento do então executivo. Finalmente isso vai acontecer e estou convencida que as coisas vão melhorar para o comércio e para as pessoas. Quanto mais cedo, melhor, mas já que não foi antes, que seja agora", afirma.
A antiga vereadora do PSD recorda os argumentos para repor os sentidos de trânsito nas laterais, uma obra que era "urgente".
"Foi uma alteração que prejudicou todos na cidade de Lisboa: o comércio na Avenida da Liberdade, a circulação das pessoas, o trânsito e não reduziu os níveis de poluição e desviou o trânsito em hora de ponta para outros eixos que não estão preparados para comportar elevados fluxos de trânsito. Era urgente, desde o primeiro momento, a reposição para os sentidos ascendente e descendente de um lado e de outro da Avenida da Liberdade", defende.
Ouça aqui as declarações de Teresa Leal Coelho à TSF
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Vasco Morgado, presidente da junta de freguesia de Santo António, mostra-se satisfeito e considera que estas obras são a correção de um erro.
"Estamos muito contentes que isto volte ao que era antes, porque desde a primeira hora que achámos que era um erro o que tinha sido feito à Avenida da Liberdade. Nas laterais temos a Rua de S. José e a Rua da Escola Politécnica, que ficaram inundadas de carros para fugir ao trânsito da Avenida. Todas as ruas adjacentes à Avenida encheram-se de carros desde aquela medida. Voltando ao que era antes vai melhorar com certeza a qualidade de vida das pessoas que moram nas ruas atrás da Avenida da Liberdade", diz.
Ouça aqui as afirmações de Vasco Morgado à TSF
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O autarca defende que as obras não vão ser complicadas. "Se é para se fazer, que se faça tudo de uma vez. Esta obra grande não vai afetar assim tanto porque o trânsito vai continuar a andar. A obra não é assim tão complicada", indica.
Reposição de sentidos na Avenida é uma "questão de mesquinhez"A ideia de mudar o sentido das ruas no Marquês de Pombal e na Avenida foi de Fernando Nunes da Silva, que, agora, fala de frustração, tristeza e mesquinhez.
"É mais um exemplo daquilo que, infelizmente, acontece muito no nosso país. Nunca conseguimos ter continuidades políticas, as coisas alteram-se, por vezes, por um capricho. Neste caso, foi por uma questão de mesquinhez", afirma.
Fernando Nunes da Silva explica que "era necessário repor sentidos nas laterais, porque vai haver uma abertura de uma área de escavação para a execução do plano de drenagem e isso tem de ser feito na faixa central da Avenida da Liberdade. Como a faixa central vai ficar reduzida devido a essas obras era necessário que se desse alternativa nas laterais".
Fernando Nunes da Silva fala em "mesquinhez"
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* Notícia atualizada às 10h30