Medidas do Governo são "paliativas". Milhares saem à rua em Lisboa e pedem "uma casa para viver"

Na capital, o protesto arranca na Alameda e termina no Martim Moniz.

PorFrancisco Nascimento com Carolina Quaresma

 foto Francisco Nascimento/TSF

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De Lisboa a Braga, milhares de pessoas manifestam-se, este sábado, pelo direito à habitação, pedindo "uma casa para viver". Na capital, o protesto arranca na Alameda e termina no Martim Moniz, passando por várias ruas da cidade.

Em declarações à TSF, Ana Silva, do movimento Porta a Porta - Uma Casa para Todos, um dos muitos que se associam a esta manifestação, defende que o problema da habitação "é cada vez mais transversal a todas as pessoas".

Ouça aqui a reportagem de Francisco Nascimento

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Para Ana Silva, as medidas anunciadas pelo Governo são "paliativas", recusando-se a "atacar o capital e a banca". "O Governo anda de mãos dadas com a banca ao garantir que os juros serão pagos quer pelas pessoas, quer pelo Estado. O Governo recusa-se a baixar as rendas e a regular o mercado com rendas comportáveis", sublinhou.

O movimento Porta a Porta - Uma Casa para Todos admite que os protestos podem não ficar por aqui, "pelo menos enquanto batermos em orelhas moucas".

Sob o lema "Uma Casa Para Viver", as manifestações ocorrem em várias cidades portuguesas: Lisboa, Porto, Braga, Aveiro, Coimbra, Viseu e Setúbal.

PCP concorda com termo "leis cartaz" e BE diz que preço da habitação "é um dos maiores problemas do país"

Na manifestação em Lisboa, marcaram presença dois líderes políticos de esquerda. Paulo Raimundo, secretário-geral do PCP, considera que o Governo está a falhar nas medidas para a habitação.

"Esta mobilização de milhares de pessoas aqui e em vários pontos do país revela duas coisas. Desde logo, que a habitação é um problema central e não é por acaso que estão aqui estas milhares de pessoas. A outra é que as medidas que o Governo avançou não têm nenhuma implicação na vida destas pessoas, porque, se tivessem, não estavam aqui. É uma coisa de grande importância e significado. É uma luta pelo acesso à habitação, uma causa que defendemos", disse o líder comunista.

Ouça a reportagem em direto do jornalista Francisco Nascimento

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Paulo Raimundo concorda com a caracterização de "leis cartaz" feita por Marcelo Rebelo de Sousa e vetava o pacote, caso fosse chefe de Estado.

"Eu acho que aquela expressão que o Presidente da República tomou de 'leis cartaz', depois daquilo que nós ouvimos na sexta-feira, se, no entender do Presidente da República, eram projetos de lei cartaz, agora não é muito mais do que isso. Porque até naquelas duas questões colocadas como polémicas, há um enrolar de corda por parte do Governo, transferindo tudo o que é para transferir para as autarquias locais e desresponsabilizando-se completamente daquilo que deviam ser as suas responsabilidades. Não quero antecipar as expressões e as caracterizações do Presidente da República, mas não estou a ver que possa haver uma muito diferente do que foi há uma semana", refere.

Já para Catarina Martins, coordenadora nacional do Bloco de Esquerda, a habitação "é um dos maiores problemas do país".

"Faz com que os jovens não consigam sair de casa, com que as pessoas não se consigam autonomizar, com que casais que se separaram tenham de continuar a viver debaixo do mesmo teto, com que o salário não chegue ao fim do mês. É das maiores crises no nosso país. A habitação em Portugal é das mais caras do mundo, tendo em conta os salários", disse.

E concorda com as críticas feitas por Paulo Raimundo ao Governo: "O problema é que o Governo anuncia muitas coisas que não baixam os preços das casas. Por quê? Mantém uma série de benefícios fiscais aos fundos imobiliários, a quem não mora em Portugal, a quem faz dos imóveis um bem de especulação financeira e não o direito à habitação. Enquanto não houver medidas claras para baixar os preços das casas, para acabar com a especulação, com os benefícios fiscais a estes gigantes que fazem com que os preços das casas disparem."

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