Ozempic: "Até ao momento não existe nenhum medicamento que atente contra a obesidade"

A bastonária da Ordem dos Nutricionistas, Alexandra Bento, condena o uso indevido de medicamentos.

PorVanessa Batista
© Vanessa Batista/TSF

A bastonária da Ordem dos Nutricionistas, Alexandra Bento, condena a utilização indevida do Ozempic, um medicamento utilizado para a diabetes tipo 2, que inibe o apetite e causa perda de peso.

"Obviamente que nós não poderemos, em nenhuma situação, utilizar indevidamente medicamentos ou outro tipo de produtos que não sejam para a situação que seja devida", declara.

A Ordem alerta para o facto de este não ser o caminho que irá levar ao fim da pandemia do século XXI, de acordo com a Organização Mundial de Saúde, a obesidade.

Ouça aqui a conversa da TSF com a bastonária da Ordem dos Nutricionistas

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"Até ao momento, não existe nenhum medicamento que atente contra a obesidade e para nós o fazermos temos de ter um estilo de vida que seja saudável, de modo a prevenir, e quando está instalada precisamos de sistemas de saúde eficientes para a tratar. Não me parece que haja outra fórmula", frisa Alexandra Bento.

Recorde-se que o antidiabético foi o medicamento com maior aumento de despesa em 2022, representando um encargo para o Serviço Nacional de Saúde (SNS) superior a 27 milhões de euros.

Em breve, será lançado o Inquérito Alimentar Nacional e de Atividade Física que irá permitir conhecer o peso da população adulta portuguesa.

Vagas para as novas unidades locais de saúde "serão locais muito desejados pelos nutricionistas"

A Direção do SNS ainda não revelou o número de vagas que serão abertas, nas unidades locais de saúde, para nutricionistas. Contudo, para a bastonária, "todas as vagas que vierem já chegam tarde".

A posição deve-se ao facto de a Ordem considerar que as "necessidades e cuidados nutricionais" da população portuguesa não têm sido acautelados, por isso, vê com bons olhos os mecanismos anunciados que, segundo Alexandra Bento, irão "facilitar a contratação" de recursos humanos. Algo que, lamenta, não acontece nos centros de saúde. Os recursos materiais são outra questão que terá de ser abordada.

Quanto ao funcionamento das unidades, o previsto é que exista um "fluxo dos utentes dentro destes níveis de cuidados e, portanto, o utente deve entrar no SNS pelos cuidados de saúde primários, só entrará pelos cuidados hospitalares em caso de emergência. Este fluxo também está verdadeiramente previsto para os cuidados de nutrição", revela.

As 12 unidades locais de saúde que vão nascer, para já, em Guimarães, Aveiro, Entre o Douro e Vouga, e Leiria, vão integrar todos os cuidados, sejam eles de saúde primária, hospitalar, continuada ou paliativa. Além disso, as áreas da nutrição e psicologia passam a fazer parte dos serviços prestados.

Em Portugal, existem cerca de cinco mil nutricionistas.

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