"Ansiosos", "impacientes", "cansados". Assim andam os alunos no último mês de aulas

Diretores pedem mais recursos na área da psicologia. O impacto da pandemia também se sente no ambiente dentro das escolas.

Os alunos estão a iniciar o último mês de aulas mais "ansiosos", "impacientes", "cansados" e "intranquilos". Os adjetivos são usados pelos diretores das escolas que sentem que nunca viram nada assim, num fenómeno provocado pelo desgaste da pandemia e por um segundo ano de confinamentos.

Manuel Pereira é presidente da Associação Nacional de Dirigentes Escolares e dá aulas há décadas. Explica que também os colegas de outras escolas com quem fala notam demasiados alunos "talvez exaustos, distraídos, ansiosos, cansados, com a sensação de que perderam alguma coisa que não deviam ter perdido, numa certa ansiedade e talvez saudosismo - não sei se será a expressão correta -", algo diferente do que se sentia "nos anos anteriores ditos normais".

Os alunos andam diferentes e isso nota-se em todo o lado: "Em comportamentos diversos tanto nas salas, como nos espaços comuns das escolas, nos recreios, nos relacionamentos, nos contactos, sentimos algum nervosismo, ansiedade, e genericamente todos os professores sentem isso, apesar de dever dizer, em abono da verdade, que isto também acontece em alguns profissionais de educação", refere Manuel Pereira.

Do lado da Associação Nacional de Diretores e de Agrupamentos das Escolas Públicas, o presidente, Filinto Lima, tem sensações semelhantes.

"Os nossos alunos estão mais ansiosos e menos pacientes", diz o representante dos diretores, para quem além dos confinamentos e do tempo que passaram em casa ou com regras sanitárias apertadas nas escolas, muitos alunos não passam imunes aos problemas sociais e às perdas de rendimento dos pais", refere Filinto Lima.

Num ano letivo que teve de ser alargado por causa do segundo confinamento, "muitos alunos pensam que já estão perto das férias e para outros parece que as aulas já terminaram", descreve o diretor escolar.

Um cenário de "impaciência" que leva a que com frequência o diálogo seja ultrapassado recorrendo à força física, algo que o presidente da Associação Nacional de Diretores acredita que no passado seria resolvido de outra forma.

Os dois representantes de quem dirige os estabelecimentos de ensino defendem, aliás, que são necessários mais recursos na área da psicologia para ajudar as escolas nestes tempos agitados a que ninguém estava habituado.

"As escolas têm um grande trabalho pela frente e, mais do que recuperar as aprendizagens e conhecimentos, o mais importante é recuperar psicologicamente e motivacionalmente os alunos e as famílias, de forma articulada", conclui Manuel Pereira.

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