Aprendizagens em risco, pais prejudicados, professores sem sossego. O impacto da "guerra" entre sindicatos e Governo

Há risco deste ser um ano letivo substancialmente perdido para os alunos? O alerta de Marcelo Rebelo de Sousa e o pedido do STOP para se alargar o protesto a greve geral estiveram em discussão no Fórum TSF.

A CGTP não vai responder ao apelo do Sindicato de Todos os Profissionais da Educação (STOP), que enviou um pedido às duas centrais sindicais para marcarem, o quanto antes, uma greve geral.

No Fórum TSF, Andreia Araújo, representante da comissão executiva da CGTP, lembrou que a próxima quinta-feira é um dia de luta da Intersindical, protesto que, considera, já dá resposta às preocupações dos professores e de outros profissionais.

"Esta resposta é a resposta que, neste momento, a CGTP e os sindicatos da CGTP consideram que é necessário dar, até porque desde sempre faz parte da agenda da CGTP a defesa da escola pública, mas também do Serviço Nacional de Saúde e da Segurança Social."

Por sua vez, Paulo Cardoso da Confederação Nacional das Associações de Pais (CONFAP), apelou ao ministério da Educação que repense a realização de exames, uma vez que muitos alunos não vão estar preparados.

"Temos que ver que os alunos não têm a matéria consolidada, não estão a ter os conhecimentos adequados para se poderem submeter a um exame nacional. Isto é muito grave, porque depois as notas, vão acabar por baixar muito."

A CONFAP defende ainda que o plano de recuperação das aprendizagens implementado na sequência da pandemia seja alargado.

"Além de o plano de recuperação de aprendizagens não estar a ser aplicado, os alunos ainda estão a perder mais aprendizagens. Portanto, também achávamos necessário que o plano de recuperação de aprendizagens pudesse ser expandido, para que os alunos possam vir a recuperar mesmo as aprendizagens, senão ainda vai ser pior."

Já no entender de Filinto Lima, presidente da Associação Nacional de Diretores de Agrupamentos e Escolas Públicas, não se pode dizer que os alunos estejam a ser afetados pelas greves na dimensão descrita pela CONFAP.

"Neste momento estaria a ser muito populista se dissesse que os alunos têm estado a perder muitas aprendizagens. Não é verdade na maior parte dos casos."

Filinto Lima lembra ainda que muitos alunos tiveram professor durante meses, no início do ano letivo, e "aí sim, com certeza que os alunos perderam imensas aprendizagem".

"Esta greve está a mexer mais, na minha opinião, com a vida dos pais, que se levantam de manhã para deixar os seus filhos às 8 ou 9 da manhã nas escolas e não sabem se os filhos podem entrar às 8h00, às 9h00, às 10h00... Aí sim, reconheço, os pais, neste caso concreto, estão a ser prejudicados."

Sobre os serviços mínimos decretados para a greve do STOP, Filinto Lima diz que são a prova que há uma guerra entre o ministério da Educação e os sindicatos.

"Foi mais uma acha para a fogueira. Estamos aqui a assistir a uma guerra, mais do que uma luta, uma guerra. É uma guerra entre o ministério da Educação e os sindicatos que, infelizmente, não estão unidos, estão totalmente desunidos - cada um tem a sua estratégia, cada um tem o seu foco. Agora uma coisa é verdadeira: os professores estão mais unidos do que do que nunca."

Manuel Pereira, presidente da Direção Associação Nacional de Dirigentes Escolares assume que a gestão dos serviços mínimos tem sido uma dor de cabeça.

"É mais um problema que temos, lamenta Manuel Pereira. "A maior parte de nós não tem sossego, não tem descanso - está na escola das 8 às 8", lamenta.

Além disso, "num agrupamento que tem oito ou 10 ou 15 escolas, definir serviços mínimos para todas as escolas, para todos os dias, não é propriamente uma tarefa fácil. Na maior parte dos casos, os serviços mínimos são serviços máximos. Implicam que, na prática, todos estejam na escola."

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