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O céu, escuro, é o mesmo dos últimos dias. A chuva não para de cair durante a viagem. Do centro de Velas até à Fajã do Ouvidor, localizada na freguesia do Norte Grande, demoramos meia hora de carro. A estrada é estreita e cheia de curvas e contracurvas. Paulo Silva já as conhece de cor e salteado. Esta fajã faz parte da vida de Paulo desde a infância. Vive cá desde 2006. Descemos a serra, quase a chegar à fajã, com os olhos postos no mar.
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Por esta hora, não se vê ninguém. As restrições de acesso a todas as fajãs só entravam em vigor algumas horas depois de termos cá estado. Mas a maioria dos habitantes já não está cá. Paulo e a família já não estão a dormir em casa. Vão, nos próximos dias, ficar numa outra casa, mais a norte. Pela última vez nos próximos tempos, o açoriano abre-nos a porta. Lá dentro, está tudo intacto. A família não quis levar nada mais além da roupa para aguentar os próximos dias. "Espero na terça-feira já vir cá dormir", atira Paulo com esperança.
Ouça aqui a reportagem da TSF

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Por toda a fajã do Ouvidor, vemos uma grande moldura de casas, de todas as cores, formas e feitios. Umas mais recentes, outras mais antigas. A de Jorge foi construída com a ajuda da família. Quando descemos ao rés-do-chão, percebemos que, na construção, tudo foi pensado ao pormenor. Ainda lá dentro, o teto é bem seguro, e não feito de madeira, algo em que Paulo pensou quando estava a construir a casa. Lá fora, a terra está pronta a ser cultivada, até porque parece que a lua o iria permitir fazer nos próximos dias. Por enquanto, os planos vão ter de ficar em suspenso.
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Um pouco mais acima, na freguesia do Norte Grande, encontramos a exceção àquela que parece ser a regra. João Sousa acabou de chegar do trabalho. Tal como sempre, hoje vai dormir em casa. Aconteça o que acontecer, diz que não a vai abandonar. Quase todos remaram em sentido contrário. Por isso, não se vê vivalma.
Ouça aqui as declarações de João Sousa à TSF

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