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Depois de Marcelo Rebelo de Sousa ter dito que também era preciso verificar os anticorpos dos professores e profissionais de outros setores que foram vacinados há mais tempo, a TSF ouviu a presidente da Associação Nacional de Professores, Paula Carqueja, que revela que os docentes estão muito preocupados.
Ainda este domingo, os professores discutiram o assunto e defendem duas medidas com urgência: "Primeiro, os testes serológicos a todos os docentes, e, depois, logo imediatamente a seguir, vacinar as pessoas que não têm imunidade. O processo tem de ser iniciado já, apesar de os professores estarem em férias. Devia ser possível, onde estiverem, passarem no centro de saúde ou centro de vacinação de referência para que pudessem fazer o teste e depois o agendamento imediato da sua vacina", explicou Paula Carqueja.
Ouça as declarações da presidente da Associação Nacional de Professores à TSF
A presidente da Associação Nacional de Professores alerta que se os docentes não receberem uma dose reforçada da vacina contra a Covid-19, o próximo ano letivo arrisca-se a correr mal outra vez.
"Com os professores sem imunidade, obviamente que as escolas vão ter mesmo de encerrar, porque os professores têm várias turmas. No primeiro ciclo e na educação de infância têm apenas uma turma, mas há novamente possibilidade de contágio e encerramento das escolas e o processo repete-se. Vai ser um ano letivo anormal", prevê Paula Carqueja.
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A Associação Nacional de Professores vai fazer chegar as sugestões ao Ministério da Educação para que os professores sejam testados e vacinados com uma terceira dose contra a Covid-19.

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Já o vice-presidente da Associação Nacional de Diretores de Agrupamentos e Escolas Públicas (Andaep), David Sousa, lembra que as escolas são lugares seguros, mas, a bem da tranquilidade dos pais, alunos e profissionais, concorda com os testes serológicos e um reforço da vacinação.
"Tudo aquilo que seja decidido e implementado para proteger a saúde da comunidade escolar é bem-vindo e, portanto, essas duas medidas farão sentido para nós, à semelhança do que já aconteceu com as campanhas anteriores de testagem que foram feitas e correram muito bem. Consideramos que seria útil fazê-lo porque há uma coisa que é importante e fundamental: não podemos voltar a fechar as escolas, foi uma tragédia para as aprendizagens dos alunos. Tudo tem de ser feito para proteger as escolas e impedir que voltem a encerrar", alertou à TSF David Sousa.
O vice-presidente da Andaep salienta que a associação tem sido ouvida pelo Ministério da Educação, que até já fez chegar às escolas a verba para a compra de máscaras e desinfetantes.

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"O Ministério da Educação já fez chegar às escolas verbas para a aquisição de equipamentos que, normalmente, são adquiridos trimestralmente e já estamos a proceder à aquisição de desinfetantes, máscaras. Desse ponto de vista, estamos a ser ouvidos, mas é importante avançar, quer com a vacinação das crianças a partir dos 12 anos, logo que exista a segurança de que não há qualquer problema relativamente a questões de saúde, quer com a terceira dose aos professores e a testagem, que também é muito importante", revelou o vice-presidente da Andaep.
Ouça as declarações de David Sousa à TSF
O secretário-geral da Federação Nacional dos Professores (Fenprof), Mário Nogueira, por sua vez, defende também que é importante que se façam os testes serológicos aos professores e refere que, num estudo recente da Universidade de Coimbra feito aos profissionais de saúde, se aponta para uma curta duração do grau de imunidade elevado.
"Tem uma quebra muito acentuada ao fim de três meses. Os testes serológicos poderão ser muito importantes para apurar o grau de imunidade dos professores. Relativamente à terceira dose, dependerá do resultado desses estudos, mas também é preciso não esquecer a falta de vacina para poder, de facto, administrar a todos", disse Mário Nogueira.
Para o secretário-geral da Fenprof, o Ministério da Educação tem estado, desde a primeira hora, muito à margem destas preocupações.
"Admitindo que a decisão seja da saúde, a iniciativa no sentido de perceber qual é o estado de imunidade dos docentes e se poder avançar para a vacinação dos mais jovens deveria vir do Ministério da Educação e não nos parece que, até agora, tenha existido. O ministro da Educação, desde o início da pandemia, vem alegando sempre que as escolas não são espaços de propagação, não são problema, desvalorizando a necessidade de criar melhores condições e de garantir que a população escolar está imunizada", afirmou.
Ouça as declarações de Mário Nogueira à TSF
O coordenador da Federação Nacional dos Sindicatos de Professores (FNE) diz que é às autoridades de saúde que compete decidir se se justifica ou não a realização de testes serológicos e um terceiro reforço da vacinação. João Dias da Silva defende, por isso, que a comunidade escolar siga as recomendações da Direção-Geral da Saúde nesta matéria.
"Aquilo que a comunidade científica disser que é oportuno para garantir que o ano letivo funcione o mais normalmente possível. Sabemos que, apesar de tudo, nada garantirá que as circunstâncias estejam normais no próximo ano letivo. Aquilo que forem determinações das autoridades de saúde para que existam condições para professores e alunos, para que se mantenha a qualidade das aulas em situação presencial, é aquilo que deve ser feito", sublinhou João Dias da Silva.
Ouça as declarações do coordenador da FNE à TSF