- Comentar
Dois hospitais do Serviço Nacional de Saúde (SNS) destacam-se como bom exemplo no respeito pela fisiologia e as práticas humanizadas durante o parto, considera a Associação Portuguesa dos Direitos da Mulher na Gravidez e no Parto (APDMGP), que já em 2019 tinha questionado a Direção-geral da Saúde sobre o aumento da mortalidade materna.
Relacionados
Mortalidade materna em Portugal. BE quer ouvir DGS com "caráter de urgência"
Há 38 anos que nível de mortalidade materna não era tão elevado. DGS procura respostas
Esta terça-feira, dados do INE, consultados pelo Jornal de Notícias, revelam que, só em 2020, a taxa de mortalidade materna atingiu os 20,1 óbitos por 100 mil nascimentos devido a complicações da gravidez, parto ou puerpério. É o nível de mortalidade materna mais elevado em 38 anos.
Em declarações à TSF, a presidente da APDMGP, Sara do Vale, afirma que "este é o resultado do ignorar de um problema que já estava a acontecer e que, agora que os números falam por si, não é possível ignorar."
O facto de as mulheres terem filhos cada vez mais tarde não é uma justificação plausível, considera, uma vez que noutros países da Europa a idade do primeiro filho também aumentou sem que se tenha verificado uma subida da mortalidade materna.
"É tentar atirar o problema para debaixo do tapete e não é aceitável", condena Sara do Vale. A APDMGP volta, por isso, a pedir medidas ao Governo e partidos políticos.
Subscrever newsletter
Subscreva a nossa newsletter e tenha as notícias no seu e-mail todos os dias
Ouça as reivindicações da APDMGP
Para a presidente da APDMGP, há outros problemas que podem resultar num aumento da mortalidade durante o parto ou gravidez: "Continuamos a limitar a presença de acompanhantes [durante o parto], a induzir e mudar partos para acomodar testes Covid e não temos, por vezes, exames de rotina feitos em tempo útil, principalmente no sistema público."
Sara do Vale destaca dois hospitais públicos que cumprem o que a associação considera serem boas práticas durante o parto: o Garcia de Orta em Almada - "onde o plano de parto não é uma coisa estranha e o parto vertical é encorajado" - e o Hospital da Póvoa do Varzim, "que tem o programa de parto na água e outras práticas que encorajam a autonomia da mulher".