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O suspeito de preparar um ataque terrorista contra a Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa e travado pela Polícia Judiciária é esta sexta-feira ouvido em primeiro interrogatório judicial. À TSF, André Lamas Leite, professor de direito penal e de criminologia na Faculdade de Direito da Universidade do Porto, explica que o crime de terrorismo está previsto e é punido por uma lei autónoma. A pena de prisão pode ir até aos 10 anos.
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"Atuando este indivíduo de forma isolada, estamos a falar de uma pena de prisão que oscila entre dois a dez anos de privação de liberdade", explica, sublinhando que, neste caso, sendo na forma tentada, a pena "é especialmente atenuada".
"Significa que dos dez anos são reduzidos um terço, portanto, andará em 8 anos e alguns meses. O limite mínimo, que neste caso é de dois anos, vai ser reduzido para o mínimo legal de um mês de prisão", acrescenta.
Ouça as declarações de André Lamas Leite à TSF
O penalista diz ainda que tudo indica que está aqui em causa também uma condenação por posse de arma proibida.
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"Se tiver sido encontrada na busca domiciliária alguma arma de fogo automática, uma arma com configuração militar ou um engenho explosivo, estamos a falar de uma pena de prisão de dois a oito anos. Se falarmos em espingarda ou carabina, a pena de prisão oscila entre um a cinco anos ou pena de multa até 600 dias. Quanto à arma branca, que era supostamente aquilo que o indivíduo se preparava para utilizar, a punição é com prisão até quatro anos ou com pena de multa até 480 dias", adianta.

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André Lamas Leite diz que estão reunidas as condições para que seja aplicada a medida de coação mais gravosa.
São "dois crimes que admitem prisão preventiva, uma vez que estamos a falar em criminalidade altamente organizada". Além disso, "há desde logo o crime de terrorismo na forma tentada, que é punível com pena de prisão superior a cinco anos e, nesses casos, é admissível como medida de coação processual a prisão preventiva".
"Pode estar aqui em causa em relação a este jovem a aplicação dessa medida de coação processual mais grave", considera.
O penalista considera que poderá ser aplicada a medida de coação mais grave, a prisão preventiva
Um jovem de 18 anos foi detido na quinta-feira pela Polícia Judiciária (PJ), que diz ter impedido assim uma "ação terrorista" e ter apreendido várias armas proibidas.
Em comunicado com o título "Impedida ação terrorista", a PJ diz que a investigação que levou à detenção foi desencadeada "por suspeitas de atentado dirigido a estudantes universitários da Universidade de Lisboa".
Através da Unidade Nacional Contraterrorismo, a PJ encetou na quinta-feira de manhã a operação, cumprindo mandados de busca domiciliária.

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Fonte ligada ao processo disse entretanto à agência Lusa que o alerta para o atentado terrorista foi dado pelo FBI, unidade de polícia do Departamento de Justiça dos Estados Unidos.
A mesma fonte confirmou que o detido tem nacionalidade portuguesa e que o ataque estava previsto para esta sexta-feira.
No entanto, a fonte adiantou que seria um atentado a título individual e não teria por detrás a ação de um grupo.