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A manhã foi pacífica. Na verdade, para lá de pacífica. Na zona das Laranjeiras, na cidade de Lisboa, nos minutos em que estamos à conversa com os taxistas de serviço não há nem sinal de freguesia. A fila de táxis é, por isso, cada vez maior. Sem clientes, há tempo para ir buscar um café à pastelaria mais próxima e trocar uns quantos dedos de conversa entre colegas.
António Vilela é o primeiro da fila. Taxista há quase dez anos, conhece bem a zona de São Domingos de Benfica. Mas, pelo menos hoje, acordar cedo a um sábado para vir trabalhar não valeu a pena. Culpa, entre outras coisas, da pandemia. "Toca a todos. E com a Covid há menos que fazer. Por isso temos que ficar mais parados porque não nos compensa andar às voltas", diz António.
Aumentar os preços não é sequer hipótese para tentar resolver o problema. O reforço nos apoios anunciado ontem em conferência de imprensa pelo governo também não é solução para este taxista. António deixa a sugestão: "É muito papel, muita burocracia. Porque é que não podem, por exemplo, descontar na hora, assim que pagamos o combustível?"
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"Tapar os olhos aos portugueses"
Não muitos metros depois, a prova de que o aumento dos preços dos combustíveis preocupa os portugueses. Num posto de abastecimento, na mesma zona, a fila cresce à medida que a manhã vai passando. Cláudia já espera há longos minutos na fila. O aumento dos preços não é a sua preocupação número um. A lisboeta teme consequências de maior escala, receando que a guerra possa, a curto prazo, acabar com o abastecimento do combustível. "Temo que possa haver alguma escassez", afirma.

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"Nem tinha conhecimento do autovoucher", continua. Se a solução não passa por aí, como resolver então o problema? "Baixar os impostos", atira Cláudia. A mesma opinião tem José, que também aproveitou a manhã deste sábado para vir atestar o depósito. O reforço de apoios anunciado pelo governo serve apenas "para tapar os olhos aos portugueses". Mas para José e outros tantos milhares de portugueses não há volta a dar. "Temos de nos aguentar enquanto podemos. Quando não pudermos anda-se a pé, que também é bom." A corrida aos postos de combustível parece estar para continuar durante o fim de semana.

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