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O presidente da Câmara de Odemira, José Alberto Guerreiro, assegura que o Governo já tinha conhecimento da situação dos migrantes sazonais que trabalham nas explorações agrícolas de Odemira, uma vez que as deliberações da autarquia sobre o caso foram remetidas ao executivo e à Assembleia da República.
Em declarações à TSF, José Alberto Guerreiro estranha a "surdez do poder central relativamente à câmara".
Autarca de Odemira assegura que o Governo já tinha sido alertado para o caso dos migrantes
Isto depois de António Costa ter sublinhado que alguma população da região "vive em situações de insalubridade habitacional inadmissível, com hipersobrelotação das habitações", relatando situações de "risco enorme para a saúde pública, para além de uma violação gritante dos direitos humanos".
Mais de meia centena de alojamentos para trabalhadores sazonais do concelho de Odemira já foram alvo de vistoria das autoridades, que identificaram locais sobrelotados e a necessidade de transferir pessoas.
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José Alberto Guerreiro revela que durante a manhã desta segunda-feira vai realizar-se uma reunião, envolvendo várias entidades, para definir como é que vai decorrer a transferência de pessoas. A operação é coordenada pelas autoridades de saúde, não pela autarquia, explica.

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Além dos problemas que envolvem os trabalhadores, o surgimento de cada vez mais empresas rurais motiva outras preocupações: "Estamos em risco de, no próximo ano, ter também um problema de falta de água, se continuarmos a acrescentar explorações agrícolas aqui, sem nenhum critério", alerta.
A Pousada da Juventude de Almograve, com 40 camas, é uma hipótese em cima da mesa para realojar trabalhadores rurais com Covid-19, mas a presidente da junta de freguesia de Longueira-Almograve não foi informada sobre a decisão.

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À TSF, Glória Pacheco explica que "a junta de freguesia não pode fazer grande coisa, não tem meios para poder colaborar". "Somos uma junta pequenina, com um orçamento pequenino e poucos funcionários", afirma.
A autarca assume que, apesar de não ter conhecimento "oficial" das condições de vida destes trabalhadores sazonais, é possível perceber que vivem em casas sobrelotadas.
Glória Pacheco diz que as condições de vida dos trabalhadores não são uma novidade para a autarquia
"Vemos a dimensão da casa e vemos tanta gente ali à volta, achamos que devem ser pessoas a mais para aquele tipo de habituação", aponta, ressalvado que não conhece o "interior das habitações".
Por outro lado, acrescenta, este não será o caso de todos os migrantes. "Há famílias que já estão integradas", nota.

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O Governo decidiu decretar uma cerca sanitária às freguesias de São Teotónio e de Almograve, no concelho de Odemira, devido à elevada incidência de casos de Covid-19, sobretudo em trabalhadores do setor agrícola.