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O recado deixado esta quinta-feira pela OMS, que alertou para uma tendência "preocupante" no ritmo de transmissão do coronavírus na Europa, é um quadro a que Portugal tem de estar atento e que obriga à tomada de medidas imediatas, postula Filipe Froes, responsável da task force da Ordem dos Médicos para a pandemia.
Filipe Froes sublinha que este alerta da OMS deve ser encarado com muita seriedade, até porque em causa está uma conjugação de fatores que podem de facto levar à concretização do cenário anunciado. "Entendo essas declarações como um alerta. Portugal e os outros países não vivem numa bolha. O que acontece nos restantes países europeus e nos restantes países do mundo tem interferência direta na situação epidemiológica em Portugal."

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O consultor da Direção-Geral da Saúde realça que o país se preparou melhor do que outros Estados, mas lembra que a falta de cobertura vacinal de uns pode prejudicar os outros. "Nós fizemos um excelente trabalho em termos de vacinação e não pode haver a menor dúvida de que a vacina é a melhor maneira de combater esta pandemia. Temos, nos diferentes países, taxas diferentes de cobertura vacinal, por motivos diversos. Muitas vezes, por motivos até políticos, há uma menor adesão à vacinação."
Ouça as declarações de Filipe Froes.
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No entanto, a confirmação da hipótese de uma nova vaga, mais intensa, resulta no "somatório" de dois fatores. Filipe Froes acrescenta à falta de adesão às vacinas noutros territórios os aspetos de manifestação sazonal. "O outono e o inverno são as estações mais propícias para a transmissão e para a sobrevivência do vírus", sustenta.
Perante o aviso da OMS, Filipe Froes adianta já várias propostas de medidas que podem ser tomadas de imediato, desde logo o alargamento da administração da terceira dose da vacina contra a Covid-19. "Acelerar a vacinação nos mais vulneráveis, terminar rapidamente a vacinação das pessoas com mais de 65 anos e dos imunodeprimidos, incluir rapidamente a vacinação dos profissionais de saúde, ponderar o reforço na população com mais de 50 anos, e aqui incluía outros fatores de risco e que já estão perfeitamente estabelecidos, como a diabetes e a obesidade mórbida, a doença renal crónica, a insuficiência cardíaca e a doença respiratória crónica", elenca o médico e investigador. Aliás, vinca Filipe Froes, estes são "fatores de grande risco que, independentemente da idade, condicionam maior risco de severidade da doença".
O membro do Conselho Nacional de Saúde Pública aconselha ainda a "voltar a incluir a utilização da máscara e das medidas de controlo da transmissão, como a etiqueta respiratória, a higienização das mãos, o distanciamento social, em todos os espaços públicos não abertos".
