Gabinete de Psicologia e Gabinete de Apoio ao Utente do hospital de S. João
Cuidados de saúde

Balanço mais do que positivo. Urgências do hospital de S. João têm apoio permanente de um psicólogo

O projeto é inédito em Portugal e está vocacionado para os doentes, familiares e profissionais de saúde.

As urgências do Centro Hospital Universitário de São João, no Porto, passaram a contar há um mês com o contributo de um psicólogo em permanência. Está disponível nos dias úteis e já acudiu doentes, familiares, mas acima de tudo profissionais de saúde que precisam de apoio depois de um ano de pandemia. Até agora, o balanço é mais do que positivo.

O serviço é multidisciplinar, mas dada a proximidade e a necessidade de apoio, o diretor do serviço de psicologia do hospital de São João, adianta que os profissionais de saúde que trabalham nas urgências são um dos principais alvos do acompanhamento psicológico, uma vez que "estavam a ser muito sobrecarregados" com as múltiplas tarefas que enfrentavam. Eduardo Carqueja percebeu que a presença de um psicólogo era, por isso, muito importante, "não só no serviço que eles teriam de prestar aos doentes e aos seus familiares, mas também no autocuidado que eles deviam ter".

Nelson Pereira, diretor da urgência de medicina intensiva do hospital de São João, não tem dúvidas que a ajuda tem sido uma mais-valia para os profissionais de saúde da unidade, onde "tantas vezes se joga a diferença entre a vida e a morte".

O novo serviço de psicologia presente nas urgências do hospital portuense está também vocacionado para os doentes e familiares que precisem de apoio. Nos primeiros 20 dias de atividade foram registadas 15 ocorrências, que passam "pela transmissão de más notícias, maus diagnósticos ou mortes", explica Margarida Capela, uma das psicólogas afetas a este serviço.

A ajuda psicológica torna-se ainda mais importante uma vez que "os profissionais de saúde também sofrem com a transmissão das más notícias", sublinha Eduardo Carqueja. O diretor do serviço de psicologia acrescenta que o serviço também é marcante para as famílias dos doentes, já que "têm um suporte psicológico imediato numa altura de crise muito grande".

Trata-se de um trabalho delicado e, para integrar as urgências do hospital de São João, a psicóloga Margarida Capela teve de receber formação específica nas áreas "do apoio às famílias, na intervenção com os profissionais de saúde, na intervenção das más notícias".

Desde o início de março, o psicólogo passou a ser uma figura presente nas urgências do hospital de São João e, para Nelson Pereira, a integração não podia ter corrido melhor. "O psicólogo passa a fazer parte desta família, é alguém que está ao lado e a quem podemos recorrer em cada momento", revela.

Do lado dos psicólogos, o sentimento é o mesmo. Eduardo Carqueja não esconde o "muito agrado" que sente em ver a forma como foi feito o acolhimento dos psicólogos pelos profissionais do serviço de urgência, "há uma convivência muito positiva, não só as atenções que eles dão aos seus doentes e familiares, mas também com eles próprios".

Com todas as vantagens identificadas, Nelson Pereira considera que este é um projeto "ganhador e que vai manter-se para sempre nesta lógica de trabalho". Apesar de não ser inédito no mundo, as urgências do hospital de São João são a primeira do país a contar com o contributo de um psicólogo em permanência. O diretor do serviço de psicologia adianta que "imensos colegas de outros hospitais" pediram a estratégia implementada no hospital de São João para poderem adotar nas respetivas unidades de saúde.

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