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A "situação dificílima" de muitas famílias provocada pela pandemia de Covid-19 não tem "fim à vista" e pode ser agravada por um aumento do desemprego a seguir ao 'lay-off. O alerta é da Federação dos Bancos Alimentares recebida em audiência pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, no Palácio de Belém.
Isabel Jonet, que lidera o Banco Alimentar, manifestou as suas preocupações com o que se pode seguir à fase inicial da pandemia, quando se esgotarem as medidas iniciais de apoio do Estado.

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"Penso que nós ainda vamos viver tempos difíceis e o meu grande receio é a situação de desemprego após os 'lay-offs'. Só tenho feito um apelo às empresas para que não despeçam e para que preservem o emprego. Neste momento o mais importante na sociedade portuguesa é preservar o emprego, seja como for, para que as famílias tenham algum rendimento ou remuneração para levar para casa no final do mês", disse.
Jonet acrescenta ainda que é preciso "não perder de vista que tudo isto foi um turbilhão, que caiu também em cima do Ministério do Trabalho, da Solidariedade e da Segurança Social".
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"As medidas que têm vindo a ser adotadas são muito positivas, mas não são suficientes para as necessidades das famílias. Temos também que ter em conta que este tipo de apoios sai do Orçamento do Estado e há também um enquadramento que é preciso ter em conta. São equilíbrios muito difíceis, que não podemos perder de vista, que é necessário manter, sobretudo quando se perspetiva que esta situação não seja para um ou dois meses. Nós temos aqui tempos longos e as pessoas têm que ser realistas", disse.
O Banco Alimentar já recebeu 14.962 pedidos de ajuda que abrangem cerca de 59 mil pessoas, estimou Isabel Jonet, que diz que os pedidos chegam a um ritmo de mil por dia e insiste que é preciso criar condições para o regresso ao trabalho e de reabertura da economia, reabrindo serviços que permitem o regresso ao trabalho, como as creches, um dos maiores receios dos pais.
"É preciso devagarinho tirar este medo que nos impede de voltar ao mercado de trabalho, mas sobretudo que nos impede de retomar a economia. Nós não temos poupanças em Portugal, muitas destas famílias não têm poupanças, e portanto não aguentam, não têm almofada de segurança. Muitas das condições de acesso às prestações sociais já foram alteradas e isso é bom, porque não é bom que as famílias não tenham nenhum dinheiro. Isso pode até por em causa alguma segurança e tranquilidade que se vive em Portugal", disse.