Barrancos está ainda mais pequeno. É o concelho que mais pessoas perdeu

O presidente da Câmara Municipal de Barrancos considera, em declarações à TSF, que o problema ainda tem solução.

Barrancos é, em Portugal, o concelho que mais habitantes perdeu nos últimos dez anos. Mais de 20%, segundo os dados divulgados esta quarta-feira pelos Censos 2021. João Nunes, o autarca da vila, afirma que parte do problema demográfico se explica com a geografia.

"O que se passa é que Barrancos tem umas características muito próprias, está com uma localização geográfica que fica distante de tudo. A capital de distrito fica a 110 quilómetros, bem como a cidade mais próxima, que é Évora, ou seja, o que falta neste concelho, além de boas acessibilidades, é criar condições e oportunidades de trabalho para as pessoas que aqui residem. Isso não pode, de maneira nenhuma, ser como tem sido até agora", explicou à TSF João Nunes.

O autarca considera que o problema ainda tem solução.

"Tem de haver, efetivamente, uma política específica para estes territórios, atendendo a estas necessidades. Os apoios que se dão este momento não são nada apelativos para o pedido empresarial, tem de haver uma política efetiva de apoio às empresas para a exportação, para a isenção de impostos e para a isenção de pagamento de salários. Um conjunto de medidas bem mais forte e robusto do que este que existe, caso contrário não é possível fixar a população", afirmou o presidente da Câmara Municipal de Barrancos.

Em dez anos, o concelho perdeu mais de um quinto dos habitantes. O autarca diz que nem era preciso fazer um inquérito para perceber isso e diz que as diferenças são evidentes. No espaço de uma década há muito menos gente nas ruas.

"Nota-se perfeitamente para quem viu a densidade populacional e o movimento. Apesar dos novos hábitos, com os portugueses a passarem mais tempo em casa, na rua nota-se que efetivamente a população decresceu. Não precisamos de nenhuma medida ou censo que nos venha evidenciar essa questão, é bem visível no quotidiano", acrescentou João Nunes.

A Associação Portuguesa de Demografia considera que estes dados não surpreendem, mas não deixam de ser um sinal de alarme para a sociedade.

"Não é uma surpresa para quem acompanha estas questões, até se pode dizer que é uma queda anunciada. Agora é verdade que pode servir de uma espécie de 'wake up call' mais evidente para quem não está tão por dentro destas questões porque hoje em dia fala-se muito e bem da transição digital e climática, que obviamente são fundamentais, mas devíamos falar muito mais da outra transição que tem a ver precisamente com o acelerado envelhecimento da população", sublinhou Lara Tavares, da Associação Portuguesa de Demografia.

O Baixo Alentejo perdeu quase 12 mil habitantes nos últimos 10 anos, com Barrancos a encabeçar esta descida, em termos percentuais, sendo mesmo o município nacional com maior quebra, segundo os resultados preliminares dos Censos 2021.

Face aos anteriores Censos de 2011, quando a Unidade Territorial para Fins Estatísticos (NUT) de nível III do Baixo Alentejo tinha 126 692 residentes, é possível constatar que há menos 11 805 indivíduos, o que traduz uma descida populacional de 9,3%.

Nesta NUT III, que para fins estatísticos apenas integra 13 dos 14 concelhos do distrito de Beja - fica de fora Odemira, que pertence à NUT III do Alentejo Litoral -, todos os municípios perderam habitantes.

O de Barrancos, o concelho menos populoso do distrito (tem agora 1435 moradores, face aos 1834 de 2011), é aquele que regista a maior perda populacional em termos relativos (-21,8%), não só do Baixo Alentejo, mas de todo o país.

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