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Centenas de papagaios-do-mar estão a dar à costa em Peniche mortos. Os animais, vindos do norte da Europa, chegam à costa portuguesa magras e desidratadas. O frio e a gripe das aves são outros fatores apontados para a elevada mortalidade destas aves.
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Salvamento de centenas de papagaios-do-mar teve "taxa de mortalidade elevadíssima"
Nuno Oliveira, técnico da Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (SPEA), diz à TSF que são poucas as que resistem até serem enviadas para os centros de recuperação.
"Estamos a falar entre 300 e 400 aves mortas ou que acabam por morrer e depois 50 a 100 que têm sido entregues com sucesso nos centros de recuperação. Agora é ver nos próximos dias, porque os centros de recuperação também têm as suas limitações", lamenta Nuno Oliveira.
Ouça as declarações de Nuno Oliveira à TSF
Os papagaios-do-mar nidificam sobretudo no norte da Europa, principalmente Reino Unido e Islândia, no final da primavera e verão. Podem viver até aos 25 anos, mas agora estão a encontrar dificuldades na migração para o Mediterrâneo.
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Os especialistas portugueses procuraram ajuda de peritos do Norte da Europa, para perceber o fenómeno da elevada mortalidade.
"O que dizem é que pode ter havido algum atraso, porque as aves mudam as penas, e nesta altura o que pode acontecer é, por alguma razão, elas perderem praticamente as penas de voo e, então, não conseguirem voar e afastar-se, evitando o mau tempo. Outra possibilidade pode ter a ver com a gripe aviária, que, este ano, nas colónias teve um efeito muito grande", aponta o especialista.
Nuno Oliveira afirma que vão ser necessários mais dias ou talvez semanas para se chegar a conclusões. É preciso também perceber porque é que os papagaios-do-mar estão a dar à costa mal alimentados.
"Ao que sabemos, as poucas aves que já foram analisadas, principalmente as mortas, estão bastante magras e desidratadas, o que indica que as aves não se estavam a alimentar. Juntamente com as condições adversas acabaram por morrer ou por dar à costa já muito debilitadas."
Tendo em conta o estado de debilitação, o conselho da Sociedade Portuguesa para o Estudo das aves é para quem encontrar os papagaios-do-mar nas praias, não lhes tocar e contactar de imediato as autoridades.
Os contactos podem ser feitos para a GNR e PSP, Polícia Marítima ou Reserva Natural das Berlengas, assim como o Instituto da Conservação da Natureza e Florestas e a própria SPEA até para efeitos de estudo.
O papagaio-do-mar é considerada uma espécie em vias de extinção. Nos últimos anos, os níveis de reprodução têm sido baixos. Os ambientalistas vão continuar a monitorizar a situação nos próximos dias e semanas.