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Há dois anos foi dado o primeiro passo para a construção, no Barreiro, da Unidade de Transformação e Valorização dos Bivalves do rio Tejo. Os terrenos onde a infraestrutura ia ser construída revelaram-se pouco sólidos. Foi pedido um estudo ao LNEC. O estudo está feito. A solução passa por um reforço "muito significativo" da estacaria ou, então, encontrar uma outra localização para a Bivalor.
O presidente do IPMA, responsável pela construção da Unidade, acredita que a solução está para breve. Miguel Miranda espera por um reforço de verba para a obra, no Barreiro, avançar.
O presidente do IPMA adianta à TSF que espera pelo aval do Ministério das Finanças e calcula que seja necessário um reforço de 400 mil euros.
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Há dois anos, no lançamento da Unidade de Transformação e Valorização de Bivalves do rio Tejo, Ana Paula Vitorino, a ministra do Mar, na altura, anunciou que a futura Bivalor iria ter vantagens de várias naturezas, como proteger o ambiente e a saúde publica, regular a apanha da ameijoa japonesa no Estuário do Tejo e a comercialização dos bivalves em condições de adequada salubridade.
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O presidente do IPMA explica agora que esta "é uma unidade de investigação que vai ajudar a encontrar estratégias e desenhar soluções", mas, sublinha, que "não substitui a necessidade de melhorar a qualidade da água do Tejo". Miguel Miranda adianta que não é missão do Instituto Português do Mar e Atmosfera fazer a depuração de bivalves e admite que a solução final "será a articulação entre esta unidade e postos moveis, em que se faça a depuração do que possa ser depurado", mas, acrescenta que "para se puder depurar muito, é preciso que a qualidade da água do Tejo melhore e, isso, exige um grande trabalho das autarquias e uma grande melhoria da qualidade das águas residuais".
Enquanto as obras no Barreiro não arrancam, outras componentes do projeto foram avançando. O IPMA foi analisando a água do Estuário do Tejo, analisando os bivalves e traçando o mapa do rio.
Miguel Miranda adianta que, quando o projeto começou, pensavam que iria demorar até que o Tejo saísse da classe C, o que significa que todos os moluscos retirados do rio tinham de ser cozidos de forma a eliminar os coliformes fecais. Nos últimos tempos, verificou-se "uma melhoria, muito pequena" da qualidade da água do estuário o que levou a que uma espécie passasse à classe B, o que significa que basta que seja depurada.
Mas esta não é uma realidade em todo o estuário. O trabalho do IPMA permitiu fazer um mapa e identificar zonas mais e menos poluídas. Há uma zona onde existem sedimentos de metais pesados, uma herança da indústria de construção e reparação naval e onde deveria ser proibido mariscar. O presidente do IPMA explica que o Tejo foi dividido em duas grandes zonas, que têm comportamentos um pouco diferentes: "Há uma zona que está interdita e que não deveria ser sequer mariscada e outra que tem classe B e C."
O presidente do IPMA alerta que a fiscalização é fundamental para evitar o consumo de moluscos contaminados, quer por coliformes fecais, quer por metais pesados que, sublinha, "têm efeitos terríveis no ser humano, não são uma diarreia".
O presidente do IPMA confessa que fica preocupado com o número de mariscadores que todos os dias entra no rio para apanhar bivalves. Considera que este é um problema com muitos ângulos. Há um problema social, mas há também um problema da qualidade da água do rio que só será resolvido com uma ação mais energética das autoridades locais e um problema de segurança alimentar. Miguel Miranda diz ainda que o Instituto Português do Mar e da Atmosfera faz "todas as analises e publica todos os resultados".