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Os bombeiros ameaçam recusar transportar os doentes que tenham tido alta dos hospitais entre os dias 17 e 21 de abril, em protesto contra os atrasos nos pagamentos por parte dos hospitais e para reivindicar a atualização dos valores pagos pelo transporte de doentes não urgentes.
A medida de boicote foi aprovada este domingo no congresso extraordinário da Liga de Bombeiros Portugueses e, na prática, impede os doentes acamados de saírem dos hospitais, exceto os sócios das associações humanitárias, caso não seja alcançado um acordo até à Páscoa.
A recusa de realizar transporte de alta hospitalar "será repetida com intervalos de 15 dias" até "à satisfação das propostas" apresentadas pelos bombeiros, refere a moção aprovada.
"Na semana de 17 a 21 de abril, os corpos de bombeiros não procederão ao transporte de doentes dos hospitais (altas hospitalares), em VDTD [veículo ligeiro dedicado ao transporte de doentes], ABTD [ambulância de transporte de doentes] ou ABTM [ambulância de transporte múltiplo], exceto se solicitados por sócios das associações humanitárias", pode ler-se.
Citado pelo Jornal de Notícias, o presidente da Liga, António Nunes, antecipa os efeitos desta ação de protesto: "Imagine o que é alguns dos principais hospitais portugueses terem os doentes acamados e que não podem sair dos hospitais".
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António Nunes reconhece que tem sido mantido um "franco diálogo" com o Ministério da Saúde, mas garante que se não for alcançado um acordo os bombeiros "saberão dizer "estamos cá"" e vão cumprir a ação de protesto aprovada "praticamente por unanimidade" no congresso deste fim de semana.
O ministro da Saúde, Manuel Pizarro, que marcou presença no encerramento do congresso, garantiu disponibilidade para negociar. "O próprio documento legal prevê uma atualização [dos salários] relacionada com a inflação e temos de fazer essa avaliação", garantiu o ministro.
Em declarações à TSF, o presidente da Associação de Administradores Hospitalares vê com apreensão a possibilidade de uma greve dos bombeiros entre os dias 17 e 21 de abril.
Xavier Barreto alerta que o protesto terá "forte impacto" nas estruturas hospitalares
Sobre as reivindicações dos bombeiros, Xavier Barreto explica os valores pagos pelo transporte de doentes não urgentes são definidos pela tutela, não pelos hospitais. "Os hospitais vão realizando os pagamentos dentro daquilo que são as suas disponibilidades, num contexto, como sabemos de constante subfinanciamento, aponta.
Hospitais têm problemas de orçamento, lembra
No congresso extraordinário da Liga foi ainda aprovada uma petição que exige à Assembleia da República legislação para criar um comando nacional operacional dos bombeiros.