Carrazeda de Ansiães pode beber água do rio Tua já na próxima semana

Durante três meses vão ser transportados 900 mil litros diários para a estação de tratamento. É o primeiro caso de um concelho inteiro a necessitar de reforço externo.

Todo o concelho de Carrazeda de Ansiães vai passar a beber água do rio Tua a partir da próxima semana. Para já, e devido à grave seca que o país atravessa, é o primeiro município a necessitar de reforçar o abastecimento geral a partir de fontes externas. A operação de transporte de 900 mil litros por dia em camiões-cisterna vai durar três meses e custar 380 mil euros.

Esta solução começou a ser pensada quando as campainhas de alarme começaram a soar, em junho. A Câmara de Carrazeda de Ansiães e a empresa concessionária de águas e saneamento tiveram de procurar alternativas para não deixar o concelho à sede, no caso de o cenário de seca atingir níveis catastróficos.

Na altura, a monitorização da albufeira da Fontelonga apontava "problemas de abastecimento a partir do final de outubro ou princípio de novembro", de acordo com o presidente da Câmara, João Gonçalves. O cenário não se alterou, apesar de a campanha de sensibilização para a poupança de água ter permitido "uma poupança de 17%, equivalente a cinco milhões de litros".

O autarca admite que mesmo que chova até ao início de novembro "não será o suficiente para aportar água à barragem". Por isso, "o sistema de abastecimento tem de ser compensado e esperar que o outono e o inverno sejam chuvosos para regularizar a situação".

João Gonçalves explica que a empresa que ganhou o concurso vai transportar diariamente "900 metros cúbicos de água" para a estação de tratamento. Isto corresponde a "seis camiões-cisterna a funcionar nos dias úteis, com cada um a fazer cinco cargas de 30 mil litros", que vão ser captados no rio Tua, na zona da Brunheda.

Em Portugal já há centenas de aldeias de vários concelhos a serem abastecidas com água de outras proveniências, com recurso a autotanques, nomeadamente dos bombeiros voluntários. No caso de Carrazeda de Ansiães, é todo o concelho que vai beneficiar deste reforço do caudal a partir do rio Tua, a que se somam ainda algumas aldeias do concelho de Vila Flor.

Se a operação durar apenas os 90 dias previstos vai custar "cerca de 380 mil euros". O Ministério do Ambiente já garantiu que vai financiar a operação através do Fundo Ambiental.

Na luta contra a escassez de água, a autarquia também tratou de identificar antigas nascentes que pudessem ser alternativas pontuais, foi cortada a água da rede em fontanários públicos e deixou de a usar para fins que não fossem o consumo humano.

A Câmara de Carrazeda admite, também, que pode vir a aplicar sanções a quem faça má gestão dos recursos de água disponíveis, nomeadamente com "regas de hortas e lavagem de automóveis", ou cujas faturas apresentem consumos exagerados.

Entretanto, iniciou as obras de substituição da adutora que leva a água da albufeira da Fontelonga para a vila de Carrazeda. O objetivo é acabar com ruturas quase semanais e perda de imensa água. As obras custam 500 mil euros.

A construção de uma nova barragem no concelho de Carrazeda está em sede de estudo de impacte ambiental. O objetivo da Câmara é que sirva, primordialmente, para regadio no planalto de Ansiães, mas também para consumo humano em anos de seca.

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