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Quem vive em zonas de risco de incêndio elevado não vai poder sair de casa nos dias de calor e humidade. É o que está previsto na Carta de Perigosidade de Incêndio Rural, que está suspensa até ao final do mês.
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Vários autarcas, ouvidos pelo Jornal de Notícias, criticam a carta, considerando-a mesmo um atentado contra os direitos dos cidadãos. E foram mesmo os próprios autarcas que a denunciaram. Emílio Torrão, presidente da Comunicada Intermunicipal (CIM) da Região de Coimbra, Fernando Queiroga, membro do conselho diretivo da Associação Nacional de Municípios Portugueses (ANMP) e presidente da Câmara de Boticas e Paulo Batista Santos, primeiro secretário da CIM de Leiria defendem que a Carta de Perigosidade de Incêndio Rural é "atentatória contra os direitos dos cidadãos".
Segundo a carta, os moradores não vão poder fazer a vida normal em dias de risco elevado de incêndio, ou seja, quem vive junto à floresta não pode circular nem pode ter atividade agrícola. Na opinião dos autarcas que a denunciaram, há situações ridículas na carta que alargou o mapa de risco a zonas que antes não estavam incluídas. Consideram que o documento é irrealista, foi pensado por quem não conhece o terreno e não ouviu os autarcas.
Conheça as críticas dos autarcas à Carta de Perigosidade de Incêndio Rural
Agora, avisam também para os prejuízos muito elevados que a carta trará porque, em dias de risco, ficam comprometidos eventos como ralis, trails, caminhadas ou procissões. Os autarcas queixam-se ainda da medida que obriga as câmaras municipais a limpar os terrenos se isso não for feito pelos proprietários e dizem que só vai contribuir para que haja mais e maiores incêndios ao tirar as pessoas dos territórios.
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A Carta de Perigosidade foi suspensa em julho do ano passado depois de fortes críticas dos autarcas que têm até ao fim do mês para adaptar as áreas prioritárias de prevenção e segurança à realidade do território, mas as câmaras municipais só foram informadas do novo método entre os dias 6 e 14 deste mês. Por isso querem que a carta continue suspensa até ao final do ano.

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