Casa Novi "despejada" aos 80 anos

É uma retrosaria tradicional, está de portas abertas há quase 80 anos e não faltam clientes, mas o prédio onde está instalada foi vendido e a loja encerra no final do ano.

Novi - Modas e Miudezas, Primorosa Confeção de Cintos. O anúncio está na varanda do primeiro andar de um edifício entre a praça Carlos Alberto e a rua de Cedofeita, no Porto, prédio que foi vendido.

João Borges é o proprietário, começou a trabalhar na Casa Novi aos 13 anos e faz questão de mostrar o primeiro recibo de arrendamento. "De setembro de 1943 e a janeiro de 1944 pagamos a quantia de 1500 escudos." Setenta e oito anos guardam muitas histórias, "sempre trabalhamos com modistas de alta-costura, tingíamos botões em tachos de alumínio, forramos botões, fivelas, cintos...".

De portas abertas desde 1943, a Casa Novi encerra, no final do ano, o edifício onde João Borges ocupou os dias ao longo da vida foi vendido. "Vim para aqui como empregado com 13 anos e agora tenho 66, já estou reformado. O meu antigo patrão envelheceu e eu dei seguimento, porque havia muito serviço. Agora o prédio foi vendido, pertencia à Ordem da Trindade que tentou negociar comigo. Não aceitei, porque queriam dar-me cinco mil euros e eu perguntei o que fazia com o meu património, com todo o material. Mais tarde, a Ordem vendeu o edifício e o comprador veio falar comigo, pedi para me pagarem parte do investimento que tenho aqui e algum tempo para vender os meus produtos e realizar algum dinheiro. E assim foi", conta o proprietário.

O encerramento está marcado para o final do ano. João Borges quer manter-se ocupado e diz que já encontrou um novo espaço, "no centro comercial Invictus, perto do Coliseu do Porto"

"Arrendei uma loja com renda acessível. Aqui onde estou uma renda custa dois ou três mil euros, e isso é impensável. Eu só quero um espaço onde possa estar ocupado."

João Borges promete continuar a escrever a história da Casa Novi.

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