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Os casos de gripe A estão a provocar uma nova corrida às urgências dos hospitais. A maioria dos doentes não precisa de internamento e também não se tem verificado um aumento da mortalidade porque os doentes são, sobretudo, jovens.
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"Temos assistido a relatos de aumento da procura dos serviços de urgência hospitalares", nota, em declarações à TSF, Gustavo Tato Borges, presidente da Associação Nacional dos Médicos de Saúde Pública. "Poderá haver aqui uma maior procura de pessoas com gripe, não pessoas com Covid -- porque essas têm o seu diagnóstico e estão em casa fechadas. Felizmente, não temos assistido a um aumento de internamentos destas pessoas, mas, em termos de procura dos serviços hospitalares, estamos a assistir a essa corrida aos serviços de urgência", adianta.
Gustavo Tato Borges fala numa "corrida aos serviços de urgência"
Gustavo Tato Borges sublinha, contudo, que, por enquanto, não há motivo para alarme, uma vez que a estirpe do vírus em circulação não é a mais perigosa. "É um vírus da estirpe A, sim, mas é o H3N2, que é um vírus perfeitamente normal na nossa época gripal, um vírus sazonal do nosso inverno, e não o vírus da gripe A pandémica, aquele que nos preocupa, que é o H1N1 ou o H5N1", esclarece.
"[Aquilo] a que nós estamos a assistir é, de facto, uma disseminação bastante interessante do vírus da gripe que circula normalmente entre nós, associado ao fim do uso de máscara em espaços exteriores e de algumas medidas que restringiam um pouco a movimentação e o convívio social entre os jovens. O retomar de alguma normalidade potenciou esses contactos sociais e o vírus tem circulado de uma forma bem mais rápida entre essa camada populacional", explica o presidente da Associação Nacional dos Médicos de Saúde Pública.
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O vírus da gripe A em circulação não é pandémico
"Neste momento, não é preocupante", porque não se trata de uma gripe pandémica, embora esteja "um pouco deslocada do seu espaço habitual, exatamente porque só agora estamos em contactos mais prolongados e menos protegidos. Mas não é algo que nos deva alarmar, nesta fase", refere Tato Borges.
A Associação Nacional dos Médicos de Saúde Pública afirma que não há motivo para alarme
Ainda assim, alerta o especialista, em muitos casos, os sintomas de gripe A são piores do que os registados com a Covid-19.
"As pessoas que têm recorrido, com gripe, aos serviços de urgências -- ou mesmo que fiquem em casa -- acabam por relatar três, quatro ou cinco dias com febre e dores musculares, com tosse, com pingo no nariz,... Têm sentido sintomas um pouco mais fortes do que aquilo que acontece quando apanham Covid - o que também é motivado pelo facto de a grande maioria das pessoas não estar vacinada para esta doença", contrariamente com o que acontece com a Covid-19, para a qual "estamos vacinados e, portanto, os sintomas estão maioritariamente atenuados", esclarece.
Os sintomas da gripe A podem ser mais graves que os da Covid-19
O presidente da Associação Nacional dos Médicos de Saúde Pública recomenda que os doentes com gripe A evitem os contactos sociais e usem máscaras do tipo FFP2, para que o vírus não chegue às pessoas vulneráveis, como os mais velhos. "Devemos manter-nos atentos porque, se este vírus acaba por chegar aos nossos idosos, poderá haver algum agravamento da realidade", avisa.

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