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É um "grito de clareza e transparência", que tem como destinatário principal o bispo da diocese do Porto. Numa carta aberta dirigida esta sexta-feira a Manuel Linda, um grupo de católicos garante que "não pode calar o desconforto pelos sinais" da diocese, na resposta ao relatório da Comissão Independente que investigou os abusos sexuais na Igreja Católica em Portugal. O grupo exige "urgência" a Manuel Linda.
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Na missiva, os católicos lembram que "lealmente fizemos questão de estar próximos do nosso Bispo nestas longas e dolorosas semanas". Mas, passadas já várias semanas depois de o relatório ter sido conhecido, começa a surgir a incompreensão.
"Conhecemos as orientações da Santa Sé. Soubemos das conclusões e dos alegados suspeitos de abuso no seio da Diocese do Porto. Tomámos conhecimento do afastamento cautelar de 3 sacerdotes. E, na semana passada, ficámos a saber que o nosso Bispo optou por remeter ao Vaticano e ao Ministério Público 4 processos a respeito de outros sacerdotes, sem tomar qualquer decisão cautelar no plano pastoral (seja em que sentido for) e sem partilha de qualquer fundamentação", lê-se na carta.
O alerta é subscrito por 441 católicos, entre os quais o advogado João Anacoreta Correia, o arquiteto Nuno Valentim Lopes, o antigo atleta paralímpico Bento Amaral ou o chefe Élio Loureiro. Em declarações à TSF, Bento Amaral afirma que "não estamos a dizer para afastar os outros quatro sacerdotes, mas sim para que seja fundamentado o porquê de só três sacerdotes terem sido afastados. Pedimos alguma firmeza neste caminho difícil".
"Estamos associados ao nosso bispo. Não estamos contra ele. Estamos disponíveis para ajudar no que for necessário. Mas neste momento foi necessário darmos este grito de alerta", garante o subscritor. Estes católicos afirmam que têm estado "preocupados e vigilantes, na ânsia de orientações e decisões do bispo da nossa diocese". Mas, perante a ausência de respostas, o grupo de católicos "sentiu necessidade de dar nota pública de como nos animam as não decisões da diocese".
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O bispo do Porto recebeu da Comissão Independente uma lista de 12 nomes, incluindo o nome de quatro párocos que já morreram. Manuel Linda decidiu afastar de forma provisória três padres da diocese.