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O presidente do Conselho Economico e Social (CES), Francisco Assis, está este fim de semana em Paris para acompanhar os trabalhos do "Conseil Économique, Social et Environnemental", e assim ficar a conhecer o funcionamento da experiência francesa das "assembleias de cidadãos".
A iniciativa tem sido repetida em vários países europeus e pode passar a fazer parte das orientações políticas da União Europeia, para a relação entre os Estados e dos cidadãos, num esforço de maior participação.
Em França, as reuniões juntam um grupo sorteado de 185 pessoas, bem como diversas personalidades da sociedade, como filósofos ou técnicos especializados. A ideia é fazer uma reflexão sobre um determinado tema, neste caso o "Fim da Vida", a pedido do Presidente francês, Emmanuel Macron.
Ouvido pela TSF, Francisco Assis diz que estas discussões podem ser uma ajuda para os decisores políticos. "É chamada democracia deliberativa."
Assembleias de cidadãos podem ajudar decisores políticos, defende Assis
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"Isto não é visto em nenhuma circunstância como uma alternativa à democracia representativa (...) mas visa de alguma forma, em relação a determinados assuntos, promover uma discussão menos apaixonada, uma discussão baseada numa informação muito profunda, de modo a que se possam daí retirar algumas conclusões, em aberto, que depois poderão ser a base de tomadas de decisões políticas para aqueles a quem compete esse poder de decisão."
Para já, não se prevê que uma experiência do género possa acontecer Portugal, mas o presidente do CES acredita que no futuro seria benéfico para o país.
"Creio que, se porventura alguma vez decidimos avançar por experiências dessa natureza, o CES seria a entidade com melhores condições para acolher e promover uma iniciativa desta natureza", aponta Francisco Assis.
CES está disponível para mobilizar assembleias de cidadãos em Portugal
"A democracia é um regime de experimentação constante. O que caracteriza precisamente a democracia em relação a outros regimes é a abertura para este processo de experimentação de novas soluções", lembra. "Estamos sempre a falar da crise das democracias representativas, da progressiva distância entre representantes e representados, não podemos fechar a abordagem de outras perspetivas que possam contribuir para melhorar a qualidade da nossa vida democrática."
Em Lisboa, Carlos Moedas criou no último ano, o conselho de cidadãos, que analisa propostas de participação da sociedade civil na gestão da cidade, por exemplo, na área dos transportes.