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É fardado que Henrique Gouveia e Melo fala aos deputados, por videoconferência, e é "militar" o tom que assume nas respostas, sem se esquivar a qualquer das perguntas, e admitindo até que o plano inicial possa não ser cumprido.
"Devemos estar abertos a fazer um novo plano, não há constrangimentos, é preciso é que o plano seja dinâmico", sublinha o responsável pelo Plano de Vacinação que se assume como um "pragmático".
O problema resulta do atraso na chegada as vacinas: "no segundo trimestre, em vez de 10 milhões, passamos a 8 milhões, isto implica atrasos no prazo para atingir no verão os 70%", explica Gouveia e Melo, insistindo que a meta "está totalmente dependente" da chegada das vacinas e "é um "se" muito grande".
"Se não chegarem as vacinas não vai haver maneira de vacinar a população", avisa, embora mantenha a "expectativa" de que seja possível alcançar a imunidade de grupo no verão.
Para já o plano passa por alargar o período entre as duas tomas da vacina, abrindo a possibilidade de "vacinar mais pessoas frágeis", explica Gouveia e Melo que antecipa a hipótese de mais 200 mil pessoas poderem ser vacinadas.
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"Entre os diversos pratos da balança, entre esta quebra de compromisso ter uma baixa probabilidade de prejudicar a pessoa, como dizem os especialistas em Saúde Pública, e a possibilidade de salvar vidas, uma vida salva é muito mais importante", vinca o vice-almirante, defendendo que, o momento atual, em que se assiste à redução do número de contágios, é "a altura ideal" para o fazer.
"Quanto mais tempo se demora a alargar o prazo, menos antecipamos a vacinação de pessoas em maior risco."
O novo responsável pela task force da vacinação admite que o treino militar influencia a forma como está a encarar esta batalha.
"Como militar, estou a criar uma grande pressão para que as respostas sejam rápidas", explica aos deputados, adiantando que "a resposta tem sido positiva", por exemplo, por parte da Direção Geral da Saúde, na clarificação das regras para o aproveitamento das sobras de vacinas.
Gouveia e Melo detalha que criou uma " sistema de responsabilização" de todos os atores do sistema: "da pessoa que recebe a vacina, até à pessoa que dá a vacina", e por agora, "não há sintomas de que não esteja a ser cumprido".
O coordenador do Plano de Vacinação pediu também à DGS que sejam "densificadas" as prioridades na vacinação e quer ver incluídos todos os que trabalham em hospitais e os estudantes envolvidos, de perto, no combate à pandemia: "não faz sentido o Estado mandar para a frente de batalha, sem proteção".
Para o objetivo de vacinar cem mil pessoas por dia, Gouveia e Melo afirma que as Administrações Regionais de Saúde, as autarquias e a DGS estão a trabalhar e os militares estão a testar o modelo.
Sem "constrangimentos," nem "travões psicológicos", o coordenador do Plano de Vacinação adianta que, no final desta semana, vai aumentar "fortemente"o número de profissionais de saúde vacinados no setor privado, a quem o vice-almirante chama " a tropa de reserva.
"Ganhar resiliência no sistema de saúde é ter também os privados vacinados. Também aqui não tenho nenhum problema psicológico nem nenhum travão psicológico nem ninguém me travou em termos de não o poder fazer. Temos de ter reserva e todas as pessoas capazes de participar neste combate devem ser preparadas para o combate", garante.
Sobre a forma como pretende alargar o sistema de vacinação, Gouveia e Melo adiantou que: ou os enfermeiros permanecem nos centros de saúde e tenta-se contratar outros, para fazer processos de vacinação rápida nos novos centros, ou parte desses enfermeiros nos centros de saúde podem ser deslocados para os centros de vacinação rápida, "onde a capacidade de vacinação é maior".
"Salvar vidas é o mais importante, a resiliência vai-se ganhando paulatinamente", sublinha o vice-almirante Gouveia e Melo.
