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A diretora da Unidade de Adoção, Apadrinhamento Civil e Familiar da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa não tem dúvidas de que a adoção será, num cenário ideal, a melhor solução para uma criança abandonada pelos pais crescer, mas a decisão é complexa.
Sem querer falar em concreto do caso do bebé encontrado ontem numa alcofa frente à Igreja Evangélica do Cacém, acompanhado por um bilhete onde a mãe pedia para que fosse entregue a uma família com melhores condições, Isabel Pastor explica que o consentimento para adoção tem que respeitar vários procedimentos, não basta manifestar uma intenção.

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"No caso de abandono a primeira necessidade básica é de acolhimento, o consentimento para adoção tem que respeitar determinados procedimentos, não basta manifestar intenção. Desde logo consentimentos efetivo só seis semanas depois do parto e manifestado perante um juiz. Antes disso pode haver a procura de apoio por parte das entidades, pode pedir proteção para si e para o ser que vai nascer e aí manifestar intenção de dar para adoção. Aqui não há conceito de abandono, porque não há exposição de um ser que não pode defender-se e corre algum risco. É a diferença entre o conseguimento e o abandono."
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Em caso de abandono é acionado o sistema de promoção e proteção da criança. Isabel Pastor diz que pela lei até aos seis anos são preferencialmente encaminhadas para famílias de acolhimento.
Isabel Pastor explica a importância do acolhimento familiar.
"Poderá ser uma medida de acolhimento familiar ou de acolhimento residencial, nos termos da lei atualmente a medida de acolhimento familiar prevalece sempre que se trata de uma criança com idade inferior a seis anos. Assegurado isto, removido o perigo, a partir daí começa todo um processo para definir o projeto de vida da criança."
Para a diretora da Unidade de Adoção, Apadrinhamento Civil e Familiar da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, a adoção é a melhor solução, mas há muitos pressupostos que é necessário garantir
"O encaminhamento para a adoção implica o corte com a família biológica e tem que ter os pressupostos de aplicação muito bem verificados. É uma medida irreversível e há que garantir que o encaminhamento para adoção é a solução última no sistema de promoção de direitos da criança. Reunidas todas as condições é melhor para a criança crescer, viver e ligar-se afetivamente a uma família que dela vai cuidar. A adoção tem a vantagem de promover a criação de um laço que é tão importante para o desenvolvimento de qualquer ser humano", diz.
"Adoção implica o corte com a família biológica e tem que ter os pressupostos de aplicação muito bem verificados."
Isabel Pastor sublinha que as famílias de acolhimento também garantem o direito a viver em família, no entanto, não podem ser candidatas à adoção.