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A Direção-Geral da Saúde (DGS) admite que se pode falar de um surto de varíola dos macacos (monkeypox) em Portugal.
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"Podemos utilizar a palavra surto, porque podemos falar em surto sempre que há um aumento de casos acima daquilo que é esperado", afirma Margarida Tavares, diretora do Programa Nacional para as Infeções Sexualmente Transmissíveis e Infeção por VIH da DGS, citada pela CNN Portugal.
"Não esperávamos que nenhum caso ocorresse em Portugal. Se temos cinco casos confirmados podemos falar em surto."
Segundo um comunicado enviado esta quarta-feira às redações pela DGS, foram registados em maio mais de 20 casos suspeitos de infeção pelo vírus monkeypox em Portugal, todos na região de Lisboa e Vale do Tejo. Entre estes, cinco casos já foram confirmados pelo Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge.
Todos os doentes são do sexo masculino e quase todos jovens. "Neste caso em particular a transmissão ocorreu em homens que têm sexo com homens", tendo o vírus sido detetado numa clínica de doenças sexualmente transmissíveis.
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Esta não é considerada uma doença sexualmente transmissível, mas pode ser transmitida pelo contacto com lesões da pele de uma pessoa infetada ou fluidos corporais (através de sexo desprotegido, por exemplo) e provoca erupções cutâneas que começam muitas vezes no rosto (em 95% dos casos), antes de se espalhar para outras partes do corpo, especialmente palmas das mãos ou dos pés (em 75% dos casos) e genitais (30% dos casos).
Também a partilha de objetos que tenham tido contacto com as lesões na pele dos doentes -- como roupa, roupa de cama, toalhas de banho -- pode levar ao contágio.
Os doentes identificados em Portugal estão em casa e foram aconselhadas a não contactar de forma próxima com outras pessoas e a proteger as suas lesões cutâneas, uma vez que, nas formas habituais, a doença passa por si, "com a cura completa das lesões, quando as crostas que se formaram caem", explica a especialista.
"São situações benignas e ligeiras, embora estejamos a acompanhar a evolução, porque são casos muito recentes."
Margarida Tavares descarta uma situação semelhante à Covid-19, uma vez que se trata de um vírus com características muito diferentes, apesar de também existe possibilidade de contágio através de gotículas expelidas por espirros ou tosse de pessoas infetadas. É a única coisa que tem em comum com a doença provocada pelo coronavírus, mas "não tem nada a ver", destaca a responsável da DGS.