Dia do Guia-Intérprete. "Ainda não vai ser este ano que vamos trabalhar como trabalhávamos"

Há quase dois anos, a chegada da pandemia alterou a atividade dos guias-intérpretes. Um setor que, até então, estava a crescer por força do aumento do turismo. De acordo com esses profissionais, com a chegada da Covid-19, o trabalho foi pouco ou quase nenhum. No Dia Internacional do Guia-Intérprete, o setor tem a esperança de que, com o alívio das restrições, a profissão possa voltar a ser o que era.

A camisola amarela vistosa facilita a identificação, mas é a mala que torna tudo mais evidente. "Guia-intérprete certificada", pode ler-se em letras garrafais. Parada na Rua das Flores, no Porto, Niuria Severo diz-se com orgulho nos seus mais de trinta anos de profissão. Lamenta, no entanto, o decréscimo de trabalho dos últimos tempos, fruto do impacto da Covid-19.

"Comecei a trabalhar num tempo em que só trabalhávamos meio ano. Depois da última crise, as coisas foram melhorando até chegarmos à fase em que o desafio era aprender a dizer que 'não', porque havia tanto trabalho que era difícil parar. De repente, chega a Covid-19 e nós estamos dois anos sem trabalhar", conta.

Filipa Carretas ouve com atenção as palavras da colega. O movimento afirmativo que faz com a cabeça transmite as mesmas dificuldades. Certificou-se como guia-intérprete em 2020, pouco antes da chegada do coronavírus, o que veio a revelar-se um desafio acrescido.

"Estava com a minha agenda preenchida e, de repente, em março, tudo acaba. Foi desafiante, o mercado estava a crescer e eu não me consegui apresentar. Por isso, tenho de batalhar ainda mais do que antes", assume.

A batalha continuou para as duas guias-intérpretes durante dois anos a fio. No dia em que se celebra a profissão, Niuria Severo garante que, com o alívio das restrições impostas pela pandemia, surge a esperança de um regresso à normalidade. "A normalidade vai voltar, mas muito devagar. Eu acho que ainda não vai ser este ano que vamos trabalhar como trabalhávamos. Para o ano, talvez", afirma.

Filipa Carretas partilha o mesmo otimismo. Numa altura em que a pandemia começa a dar tréguas, a profissional sublinha a importância de se assinalar o Dia Internacional do Guia-Intérprete. "Passa pela valorização de uma profissão que é considerada, por muita gente, um hobby e uma alternativa. Há uma série de pessoas que faz um investimento a mais do que 100% neste tipo de formação".

O Dia Internacional do Guia-Intérprete está a ser celebrado com diversas iniciativas um pouco por todo o país.

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