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Do excesso de lixo produzido por cada habitante ao ruído em excesso provocado pelo aeroporto da capital, a associação ambientalista Zero apontou hoje uma dúzia de números que têm de mudar no ambiente.
Num comunicado divulgado a propósito do Dia Mundial do Ambiente, a Zero defende que num contexto de alteração da normalidade provocado pela pandemia da Covid-19, é preciso começar a criar condições para "uma nova realidade que proteja de crises futuras que já se avizinham".
Um dos números que aponta como urgente mudar é a quantidade de resíduos produzida em Portugal, um "descalabro" em que cada habitante produz anualmente em média 507 quilos - em números de 2018 -, quando a meta para este ano é 410 quilos.
Símbolo da poluição na maior cidade do país, a média anual de dióxido de carbono produzido numa das suas artérias mais movimentadas, a avenida da Liberdade estava o ano passado em 55 microgramas por metro cúbico quando o limite legal é 40 microgramas, aponta a Zero, que recomenda "fortes medidas de restrição de tráfego automóvel e de promoção do transporte público".
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Ainda em Lisboa, outro número traduz o ruído provocado pelo aeroporto Humberto Delgado, que gera 66 decibéis durante a noite no Campo Grande, quando o limite são 55 decibéis.
Um número que está muito abaixo do desejável refere-se aos 296 edifícios públicos dos quais se retirou o amianto - material usado em construção que é cancerígeno quando inalado -, quando o total de edifícios com amianto ainda é, segundo a zero, perto dos quatro mil.
"Estamos acima dos valores limite do dióxido de azoto. Estamos muito acima dos valores legais para o ruído. O transporte rodoviário representa praticamente um quarto das emissões de gases com efeito de estufa. Por outro lado, os resíduos: 12 por cento apenas da reciclagem de plásticos. E produzimos quase mais 100 kg de lixo por habitante e por ano do que seria a meta de 2020. Temos em Portugal 456 espécies ameaçadas de extinção. Isto mostra aquilo que ainda é preciso fazer urgentemente, a par de outras áreas como reduzir o consumo de carne, retirar o amianto das escolas ou prevenir os incêndios", refere Francisco Ferreira em declarações à TSF.
Ouça as declarações de Francisco Ferreira, da Zero
Outro número abaixo das expectativas é a quantidade de plástico reciclado em Portugal em 2018, apenas 12%, ou seja "72 mil das 600 mil toneladas de plástico produzidas", refere a Zero, que defende a redução da produção de plástico e a reciclagem contra deposição em aterro ou incineração.
"Tivemos mais plástico que já começa a chegar aos oceanos, como máscaras e luvas. E acima de tudo estamos num desconfinamento que se arriscar a voltar às condições do passado não aprendendo nós quão importante é salvaguardarmos a saúde pública depois de meses em casa", alerta o responsável.
Ouça as declarações de Francisco Ferreira, da Zero
A Zero aponta ainda o excesso de desperdício de água no setor urbano, atualmente em 30%, apesar de a meta para este ano ser 20% e ir ficar por cumprir.
"Com secas mais intensas e frequentes, precisamos de um Programa Nacional para o Uso Eficiente da Água, que termina em 2020, renovado e efetivamente aplicado", defende a associação.
Em Portugal, refere a associação, há 456 espécies ameaçadas, com necessidade de "planos de conservação" para espécies, como o lobo-ibérico ou algumas aves necrófagas.
A Zero considera ainda que a propriedade da floresta em Portugal - detida em 87% por cerca de 400 mil privados - tem que ter alterações e tem que se optar pela gestão conjunta, uma vez que "a dimensão média das propriedades é inferior a um hectare em dois terços do país.